A assistente social Edelvania Wirganovicz, 40 anos, presa por suspeita de participar do assassinato do menino Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, em Três Passos, no norte gaúcho, pode ter agido motivada por dinheiro. Essa é uma das explicações que a Polícia Civil tem para o seu envolvimento no caso. Conforme a delegada Caroline Bamberg, a madrasta do menino, a enfermeira Graciele Ugulini, 32, matou a criança e a enterrou com a ajuda de Edelvania. A participação física do pai do garoto, o médico Leandro Boldrini, 38, ainda é uma incógnita. A maior suspeita dos policiais é que ele tenha auxiliado no planejamento e na ocultação do crime.
Edelvania foi quem indicou o local exato em que o corpo de Bernardo estava enterrado, às margens do Rio Mico, em Frederico Westphalen. No dia seguinte ao crime, em 5 de abril, ela foi até o interior do município na casa da mãe, a quem presenteou com uma pá e uma cavadeira. A mãe, uma produtora rural, estranhou os regalos. Os equipamentos estão passando por perícia para verificar se possuem resíduos do mesmo solo em que o menino foi enterrado. Os três devem ser indiciados por homicídio qualificado.
No fim da tarde desta quinta-feira, o advogado da avó materna de Bernardo, Marlon Balbon Taborda, começou a divulgar uma série de e-mails que, segundo ele, comprovariam que a rede de proteção à criança de Três Passos foi alertada sobre o perigo que o menino corria. Conselho Tutelar e Ministério Público cometeram uma "falta grave" ao não investigarem uma denúncia feita por uma ex-babá do menino de que ele teria sofrido uma tentativa de asfixia pela madrasta em 2012.
"Avisamos os órgãos da rede de proteção da criança para averiguar os acontecimentos. Demos nomes de testemunhas a serem averiguadas, mas nunca fomos informados, nunca recebemos qualquer retorno." A babá afirma que o comportamento de Leandro, pai do menino, mudou depois que a ex-mulher morreu e começou a morar com Graciele. Segundo ela, no fim de 2012, quando já não trabalhava mais na casa dos Boldrini, encontrava Bernardo na rua com frequência. Em uma ocasião, ele revelou que a madrasta o havia agredido com uma vassoura e tentado asfixiá-lo. Conforme a babá, o menino era impedido por Graciele de entrar em casa quando o pai não estava. Para a promotora da Infância de Três Passos, Dinamárcia Maciel de Oliveira, tudo o que estava ao alcance do MP foi feito.
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