(Reprodução/Pixabay )
A Unicef defende que crianças não tenham acesso a armas e que estejam o mais longe possível delas. Questionada pela reportagem sobre declarações do candidato Jair Bolsonaro (PSL) sobre o porte de armas e suas sugestões de que pais precisam ensinar menores a atirar, a porta-voz da instituição, Marixie Mercado, deixou claro numa coletiva de imprensa que a Unicef não vê tais ideias com bons olhos.
"Defendemos manter crianças o mais distante possível de armas", declarou Marixie Mercado, na manhã desta sexta-feira (19) em Genebra. Segundo ela, um eventual acesso seria um risco tanto para as próprias crianças como para as pessoas ao seu redor.
Em diferentes momentos na campanha eleitoral, o candidato à Presidência pelo PSL, deputado federal Jair Bolsonaro (RJ), comentou a relação com armas. De acordo com ele, seus filhos foram ensinados a atirar com arma de fogo, com munição, desde a idade de cinco anos. Ele ainda complementou, afirmando que "encoraja, sim" tal conduta por parte dos pais. "Não podemos mais ter uma geração de covardes, de ovelhas", disse.
Num dos eventos de campanha, em Araçatuba, Bolsonaro foi flagrado ensinando uma criança a fazer um gesto de "arma" com a mão em um ato público de campanha. A um garoto que estava em seus braços com a farda infantil da Polícia Militar, o presidenciável disse: "Você sabe atirar? Você sabe dar tiro? Atira. Policial tem que atirar".
"A arma é inerente à sua vida e à liberdade do País. Meus filhos todos atiraram com cinco anos de idade. (Uma arma) Real, não é de ficção nem de espoleta não", declarou.
Esta não foi a única vez que Bolsonaro foi flagrado ensinando uma criança a fazer um gesto de "pistola" com a mão. No dia 20 de julho, quando cumpria agenda de campanha em Goiânia, ele foi fotografado orientando uma menina a fazer o mesmo gesto.
De acordo com a Convenção dos Direitos das Crianças, de 1989, é estabelecido pelos governos que a educação dada por cada Estado aos menores os deve "preparar para uma vida responsável em uma sociedade livre, no espírito da compreensão, paz, tolerância, igualdade entre sexos, amizade entre povos, etnias, nacionalidades, grupos religiosos e pessoas de origem indígena".
A mesma convenção aponta para a necessidade de se manter menores longe dos impactos da violência, conflitos armados ou hostilidades.
Num Protocolo Opcional, aprovado em 2000, a ONU ainda aponta que governos tem o dever de proteger menores de hostilidades. (Jamil Chade, correspondente)