Parábola bíblica é pano de fundo para 'O Porco', quarto romance de Maurício Lara

Vanessa Perroni
vperroni@hojeemdia.com.br
21/11/2016 às 18:58.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:45

A luta entre o bem e o mal que permeia muitos questionamentos e vivências do ser humano se transforma em denso e, ao mesmo tempo, poético romance nas mãos do jornalista e escritor mineiro Maurício Lara. Intitulada “O Porco” (Ed. Ramalhete), a obra será lançada nesta quinta-feira (24), na Casa dos Jornalistas.
O título do livro se explica pelo seu pano de fundo. Na história, o autor faz analogia com um episódio bíblico no qual demônios se “alojam” em porcos. O protagonista Rosalvo Macieira é dono de um frigorífico e se intitula um “exterminador de porcos”. Os animais lhe causam muita raiva e, para ele, matar os porcos é quase uma missão. 

“Minha criação foi sempre muito anárquica. Nada muito organizado. Mas quando saquei a parábola do evangelho me ocorreu o motivo para as ações desse personagem. Os porcos são como um espelho para ele expulsar seus demônios”, elucida Lara. A passagem bíblica entra na vida do personagem pelas conversas com a mãe com quem tem forte relação.

A escrita, que mescla primeira e terceira pessoas, ocorre de forma fluida. As angústias e motivações para atos extremos de Rosalvo são apresentados ao leitor por meio de memórias e confissões do personagem. “É um livro cru. Ele traz uma história que é comum, pois o bem e o mal estão dentro de cada um de nós. O que difere é a forma de lidar com as conse-quências disso”. 

Sentimentos como ciúme, inveja e desejo são colocados na trama na medida em que o protagonista se relaciona com a mãe, o irmão, o amigo Sinésio. “Ele trata do imponderável da vida. E no fim mostra o motivo de todas as ações do personagem, e porque ele vivia em um pêndulo, entre Deus e o diabo”. 
Esse é o sétimo livro de Lara – quarto romance. “Consegui soltar a mão da beirada e me deixar levar pela correnteza. Significa rompimento com a escrita jornalística e a realidade, que são um vício”, acrescenta que a experiência deixa claro que pode haver muita humanidade por trás da ficção”.

Serviço: Lançamento “O Porco”. Dia 24/11, às 18h30, na Casa do Jornalista (r. Álvares Cabral, 400)

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