Parangolé completa 22 anos com lives e cortejo em ocupações de BH

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
06/06/2021 às 10:26.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:06
 (PARANGOLÉ/DIVULGAÇÃO)

(PARANGOLÉ/DIVULGAÇÃO)

“O cordel ocupa a cidade”. Tema de uma live que será promovida pelo grupo Parangolé no dia 24, a frase é significativa da importância do gênero para a compreensão do aprofundamento da cidadania e da preservação do patrimônio cultural de Belo Horizonte.

Gênero típico do Nordeste, originário de relatos orais que são impressos em forma de folhetins, o cordel não perdeu as origens, vinculando-se principalmente às questões sociais. Na capital mineira, tem Cascão como seu maior representante.

Juntamente com outros três educadores sociais, ele criou há 22 anos o Parangolé. Uma história que está sendo comemorada com uma série de oito lives no Instagram, com encerramento no dia 24. É também uma alternativa para o fato do grupo não poder levar o seu espetáculo “Cordéis dos Cafundó” às escolas.

“Nos últimos anos, o espetáculo vem sendo a principal ferramenta para divulgação do cordel. Vamos às escolas, muitas delas de periferia, escolhemos os temas juntos, em cima do que os alunos querem falar, e montamos um espetáculo com eles”, ressalta Lucílio Gomes, ator, dançarino, educador social e sócio-fundador do Parangolé.

“É maravilhoso quando você leva a poesia para a escola, encontrando várias pessoas que querem falar sobre a situação que vive. O cordel ajuda a pensar, a estruturar mais. O interesse por rimar (uma das características do gênero) e aplicar em outras artes, como o slam”, salienta.

A ideia das lives, segundo ele, é falar um pouco das origens do grupo, quando, em 1999, seus integrantes desceram o rio São Francisco com um espetáculo que se atentava à preservação de um dos maiores cursos d’água do Brasil e da América do Sul. “Daí para frente ele foi se estruturando cada vez mais e passamos a viajar para vários lugares”, conta Gomes.

Entre as lives já realizadas, o grupo conversou com o compositor e pesquisador baiano Antônio Nóbrega,  que possui um acervo de cinco mil cordéis no Instituto Brincante. Outro tema interessante trazido pelo grupo foi a questão do machismo no cordel, a partir da criação de um movimento no Ceará que reúne 60 coletivos e 1.500 cordelistas.

No dia 26, eles promoverão o “Rolé com o Cordel Móvel”, com a realização de dois cortejos em ocupações urbanas das áreas periféricas de Belo Horizonte e Região Metropolitana. O objetivo é levar música, animação e instruções de convívio na pandemia para os moradores.

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