(Flávio Tavares)
Parques de Belo Horizonte serão monitorados 24 horas por dia com câmeras de segurança. Trezentos equipamentos irão auxiliar no combate ao vandalismo e tráfico de drogas nas 54 áreas verdes da capital abertas à visitação. A expectativa é a de que as imagens sejam transmitidas em tempo real até o fim deste ano. O gasto com a nova vigilância não foi informado.
O sistema irá funcionar no Centro de Integrado de Operações (COP-BH) e será inspecionado por agentes da Guarda Municipal. O aparato acompanha um pacote de ações que entrará em vigor a partir de março nas 252 unidades de saúde da metrópole, conforme o Hoje em Dia mostrou em novembro de 2018. Os postos de saúde também receberam videomonitoramento.Flávio TavaresPichação é um dos principais problemas enfrentados, como no Guilherme Lage
Condições
Desde 2017, a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica monitora as condições dos espaços de lazer da cidade. O último diagnóstico elaborado constatou que 70% não oferecem boa estrutura à população. O alto índice de reprovação está relacionado, principalmente, aos estragos provocados por infratores e até ao uso e venda ilegal de entorpecentes.
“Temos problemas diversos, como roubo de fiação elétrica e de equipamentos hidráulicos, pichações e depredação dos banheiros e brinquedos. Essas ações nos consomem muita energia e mais recursos para executar a manutenção”, afirma o presidente da fundação, Sérgio Augusto Domingues. Apesar de não indicar quais parques estão em situação mais crítica, o gestor disse que a preocupação é maior na região Nordeste.
Segundo Domingues, o número de câmeras destinadas em cada área verde ainda será definido. Entretanto, a extensão e a média de visitantes serão critérios adotados na escolha. “As câmeras serão instaladas em pontos estratégicos. A intenção é que, com o monitoramento, possamos criar intervenções e ações com mais agilidade para coibir os crimes e buscar punição aos responsáveis”.
De acordo com a Empresa de Informática e Informação (Prodabel), já houve a escolha de quem vai instalar o sistema. O processo está em andamento e entra agora na fase de levantamento dos equipamentos e ferramentas necessárias, além do registro de preço. O prazo para essas definições termina em junho.
Outra dificuldade percebida nas áreas de lazer da capital é a precária acessibilidade. A Fundação de Parques diz que estão sendo feitos estudos para verificar possíveis intervençõesFlávio Tavares / N/ANo parque Fernão Dias, parte da cerca do campo de futebol foi arrancada; espaço também convive com depredações nos banheiros e nos muros
Medo
Em meio à tentativa de melhorar as condições dos parques, usuários lamentam as atuais estruturas oferecidas. O Hoje em Dia esteve em três espaços da região Nordeste, considerada a que abriga áreas verdes com mais problemas. Foi constatado bom estado de conservação dos jardins e cercas, além da capina em dia. No entanto, banheiros estavam depredados e havia pichações em vários pontos. Quem frequenta os locais denuncia que o uso de drogas é frequente.
No parque Fernão Dias, no bairro de mesmo nome, a auxiliar de cozinha Rosana Fernandes, de 60 anos, reclama das pichações e portas e vidros quebrados nos sanitários. “Faço exercício físico três vezes por semana aqui. Mas apenas no período da manhã. Do meio da tarde em diante só tem gente usando droga”.
O medo também é constante no Professor Guilherme Lage, no bairro São Paulo. “O parque está bem cuidado, bonito. Mas, ultimamente, está perigoso até usar celular porque já vi gente sendo roubada”, diz o eletricista José Jacinto Soares, de 52.
Nesta semana, funcionários da prefeitura instalaram cercas na unidade e um portão para fechar o acesso ao prédio da administração. “Já coloco sabendo que vão quebrar”, disse um dos operários. O mesmo problema foi constatado no parque Jardim Belmonte. Recém reformado pela fundação, os banheiros e o prédio de apoio da Academia da Cidade estão intactos. Entretanto, a antiga sede aguarda por uma reforma. “Aqui tem usuário de droga o dia inteiro. Segunda-feira um desses roubou uma ferramenta que eu usava. Foi um prejuízo de R$ 300”, contou um funcionário da capina.Flávio TavaresJosé Jacinto Soares, eletricista
Não é única opção
O videomonitoramento é uma boa saída para diminuir a criminalidade nos parques, mas não a única. A afirmação é do especialista em segurança pública Luís Flávio Sapori. “Sozinho não resolve. As câmeras são comprovadamente importantes, porém, é necessário que a Guarda Municipal esteja presente com patrulhamento ostensivo”, defende o professor do programa de doutorado e mestrado em Ciências Sociais da PUC Minas.
Manter a capina em dia, os pátios conservados e uma boa iluminação também são fatores positivos no combate aos crimes, avalia Sapori. “Quanto mais abandonado, maior a probabilidade da delinquência crescer”.
A Fundação de Parques informou ter investido R$ 250 mil na compra de ferramentas para a limpeza das áreas e manejo dos jardins.
A BHIP, empresa responsável por dar manutenção no sistema de iluminação da cidade e trocar as lâmpadas antigas por LED, não informou quais parques já passaram pelas melhorias. O consórcio, no entanto, disse que as regionais Venda Nova, Norte, Barreiro e Nordeste foram contempladas.
A Guarda Municipal garantiu que 60 agentes atuam no patrulhamento alternado e com base fixa em algumas unidades, como é o caso dos parques Mangabeiras e Municipal. Já a Polícia Militar informou que realiza vigilância no entorno das áreas verdes e, caso receba alguma denúncia, vai até o local para adotar medidas, como a prisão em flagrante de suspeitos.