(Maurício Vieira)
Passadas as eleições, e com a vitória assegurada em 1º turno, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) começa a pensar na formação do grupo de secretários para o segundo mandato. O ex-presidente do Atlético deve seguir a máxima do futebol que reza: “em time que está ganhando não se mexe”. Conforme apurou o Hoje em Dia, Kalil reuniu-se com o atual secretariado no dia seguinte à eleição e fez o convite para que todos permaneçam em suas pastas.
Nomes fortes como o de Fuad Noman – eleito vice-prefeito e ex-secretário de Fazenda -; Adriana Branco – que ocupou as secretarias de Governo e Assuntos Institucionais e Comunicação; Jackson Machado – titular da pasta da Saúde; Ângela Dalben – da Educação; Maria Caldas – secretária de Política Urbana; e Maíra Colares – secretária de Assistência Social - devem, portanto, seguir em seus cargos.
Algumas mudanças pontuais importantes, contudo, devem acontecer a partir de janeiro. A principal delas pode ser presença mais efetiva do ex-presidente da Assembleia Legislativa de Minas (ALMG) e ex-deputado Adalclever Lopes (MDB) no governo. Adalclever, que já atuou como articulador político de fevereiro a outubro do ano passado, foi um dos coordenadores políticos da campanha pela reeleição de Kalil e poderia assumir a Secretaria de Governo – que desde a saída do atual vice-prefeito, Paulo Lamac, em outubro 2018, está ocupada por Adriana Branco.
Nos bastidores, Lopes é visto como um dos responsáveis pela construção do arco de alianças dos partidos que compuseram a coligação vitoriosa em 1º turno. Além disso, muitos consideram o ex-presidente da Assembleia como fundamental para a formação da ponte que viabilizaria possível candidatura de Kalil ao governo de Minas em 2022.
“Adalclever é uma liderança indiscutível, já foi presidente da ALMG e tem a experiência e leveza necessárias para ser não só o interlocutor na Câmara, mas também para iniciar os entendimentos para que Kalil ganhe novos aliados no estado”, afirmou uma fonte ligada ao prefeito, que pediu anonimato.
Líder mantido
A possível chegada de Lopes à Secretaria de Governo não mexeria na liderança do governo na Câmara Municipal. Reeleito, o atual líder, o vereador Léo Burguês (PSL), deve permanecer. A atuação dele para aprovação de projetos importantes, como o Plano Diretor, e a articulação de base sólida na CMBH, são vistas por Kalil como fortes razões para sua manutenção.
Burguês afirmou que recebeu do próprio Kalil o convite para permanência durante a reunião da última segunda-feira e que aceitou, imediatamente.
“Não tem motivo para não ficar na liderança. Conseguimos aprovar todos os projetos enviados pelo governo”, destaca o parlamentar.
Outra possível mudança no secretariado de Kalil, a partir de janeiro, seria a criação de uma pasta – atualmente são 16. Assessores próximos ao prefeito não descartam que a secretaria de Assuntos Institucionais e Comunicação, atualmente sob o comando de Adriana Branco, seja desmembrada.
O novo órgão abriria espaço na administração municipal para abrigar representante de um dos partidos que participaram da aliança que reconduziu o atual prefeito à PBH. Caso, por exemplo, do PDT, que elegeu três vereadores e terá uma das maiores bancadas do Legislativo. “Temos uma Câmara renovada, o PSD perdeu mais da metade dos seus vereadores e nisso, ter o PDT é fundamental. Precisamos construir rapidamente uma base sólida para o próximo mandato”, afirmou a fonte ligada a Kalil.
Paulo Lamac é cotado para cargo de destaque em 2021
Após ter sido exonerado da Secretaria de Governo de Kalil em outubro de 2018, e de ter aparentemente reconquistado a confiança do prefeito – chegando a atuar como um dos cabeças da coordenação de campanha à reeleição do gestor da capital–-, o atual vice-prefeito Paulo Lamac (Rede) é visto nos bastidores como peça de destaque na formação do novo governo municipal.
Fontes próximas a Kalil ouvidas pelo Hoje em Dia afirmam que Lamac pode até assumir uma secretaria importante. Uma das opções seria a pasta da Educação, assunto que Lamac, professor e empresário do setor, domina. Ao Hoje em Dia, porém, o vice rechaçou a possibilidade de substituir Ângela Dalben, atual chefe da pasta, e desconversou sobre eventuais convites para o primeiro escalão.
“Estou concentrado em finalizar os trâmites de prestação de contas de campanha. Além disso, o prefeito já mostrou que tem competência e autonomia para formar o secretariado”, destacou.
Lamac afirmou ainda que “não tem mágoa de Kalil” e que a escolha de Fuad Noman para vice, na vitoriosa chapa de reeleição, “foi uma construção coletiva”.
“Nossos pontos de discordância e de concordância sempre foram públicos. Sempre estabeleci uma conversa franca com o prefeito”, disse.
Em relação ao futuro político, o líder da Rede Sustentabilidade em Minas já mira as eleições de 2022: o objetivo é concentrar esforços para eleger parlamentares do partido tanto na Câmara dos Deputados como na ALMG – atualmente, a legenda tem uma cadeira no Legislativo, com a deputada Ana Paula Siqueira.
“Nós temos que contribuir para que a Rede supere a cláusula de barreira e eleger parlamentares no Estado. Estou empenhado nisso”, enfatizou.