Nas asas do dragão

Passagens aéreas mais caras são as principais responsáveis pela alta da inflação em outubro

Janaína Fonseca
jmaria@hojeemdia.com.br
16/11/2022 às 07:38.
Atualizado em 16/11/2022 às 08:11
Aeroporto de Confins espera receber neste mês 30% mais passageiros que em novembro de 2021: expectativas são positivas para fim de ano e período de férias (BH Airport/Divulgação)

Aeroporto de Confins espera receber neste mês 30% mais passageiros que em novembro de 2021: expectativas são positivas para fim de ano e período de férias (BH Airport/Divulgação)

Após três meses de índice negativo, a inflação voltou a subir no país em outubro, atingindo a marca de 0,59%. E um dos maiores impactos no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), segundo o IBGE, foi o valor das passagens aéreas, com uma alta de 27,38% em relação a setembro. Aumento que deixa mais caras as viagens de fim de ano e férias dos brasileiros.

Entre as causas desse reajuste tarifário estão a alta demanda pelo serviço – que tem se mantido forte neste ano, após a pandemia de Covid-19 – e o aumento do preço do litro do querosene de aviação (QAV). Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), o combustível já acumula uma alta de 58,8% de 1º de janeiro a 1º de novembro.

O último aumento, de 7,27%, foi feito pela Petrobras em 1º de novembro. Somente o QAV responde por cerca de 40% dos custos totais de uma companhia aérea. “O reajuste no preço do QAV mantém um cenário extremamente difícil para as empresas aéreas e é um tema de constante preocupação para nós e para todo o setor, pois representa quase metade dos custos da operação. É urgente a revisão do modelo de precificação do QAV, pois 90% do combustível é produzido aqui, mas pagamos o preço de um produto importado”, afirma o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.

E a alta dos preços das passagens medida pelo IBGE em outubro ainda não tinha o impacto do aumento do querosene em novembro, que deve ser sentido ainda neste ano. Em nota, a Abear informou que “a situação de intensa volatilidade nas cotações do preço do barril de petróleo e do dólar tem pressionado cada vez mais os custos estruturais do setor”.

A associação ainda ressalta que, de janeiro a outubro deste ano, o preço dos bilhetes aéreos medido pelo próprio IPCA registrou quedas em janeiro (-18,35%), fevereiro (-5%), março (-7,33%) e agosto (-12,07%).

Demanda

Mesmo com as passagens aéreas mais caras, a demanda pelas viagens se mantém aquecida. Em setembro, por exemplo, o tráfego total (medido em passageiro pagante por quilômetro, ou RPKs) subiu 57% em relação ao mesmo mês de 2021, de acordo com dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata). Segundo a entidade, a recuperação das viagens aéreas continua em ritmo forte.

Globalmente, o tráfego atingiu 73,8% dos níveis pré-crise (setembro de 2019) e o doméstico aumentou 6,9% em setembro de 2022 em relação ao mesmo período do ano anterior. O tráfego doméstico total de setembro de 2022 ficou em 81% do nível de setembro de 2019.

Todos os mercados relataram forte crescimento, liderados pela região Ásia-Pacífico, detalha a Iata. “Mesmo com as incertezas econômicas e geopolíticas, a demanda por transporte aéreo continua recuperando espaço. O único país fora dessa tendência ainda é a China, com sua estratégia que busca atingir zero Covid, mantendo as fronteiras amplamente fechadas e criando uma montanha-russa na demanda de seu mercado doméstico, com queda de 46,4% em setembro em relação ao ano anterior”, diz Willie Walsh, diretor geral da Iata.

Mesmo com passagens aéreas mais caras, demanda por viagens se mantém aquecida: Aeroporto de Confins espera receber neste mês 30% mais passageiros que em novembro de 2021

A taxa média de ocupação das aeronaves chegou a 81,6%, aponta a associação, um crescimento de 14,5%. De acordo com Walsh, a forte demanda está ajudando a indústria a lidar com os altos preços dos combustíveis.

Superando a crise

E a forte demanda pelo setor aéreo também chega ao Aeroporto Internacional de Belo Horizonte. Segundo a BH Airport, a expectativa para este mês é a de que a movimentação de passageiros chegue a 920 mil pessoas, um crescimento de 30% no comparativo com novembro de 2021. Já a quantidade de voos deverá chegar a 7,7 mil, entre pousos e decolagens. 

O feriado da Proclamação da República (15) teria forte influência nesses números, com cerca de 200 mil pessoas passando pelo terminal em Confins. “Estamos no caminho certo, mas ainda não podemos afirmar que as conse-quências da pandemia foram superadas”, ressalta o diretor de Operações e Infraestrutura da BH Airport, Herlichy Bastos.

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