(Rodrigo Arangua)
PANAMÁ – O Panamá celebrou na sexta-feira (15) o centenário de seu canal interoceânico, que transformou o comércio marítimo mundial e hoje encara o desafio de modernizar-se para competir diante às novas exigências da economia globalizada.
Maravilha da engenharia moderna por onde passam 5% do comércio marítimo mundial, completa seu centenário em meio a expansão, no valor de US$ 5,25 bilhões.
As obras começaram em 2007 e em 2009 teve início no terceiro conjunto de comportas construídas por um consórcio internacional liderado pela empresa espanhola Sacyr. A ampliação inauguração seria no ano do centenário, mas sofreu atrasos com greves e disputas por custos adicionais milionários que a Sacyr exige da Autoridade do Canal (ACP).
Em 2016 serão abertas as comportas da terceira via para permitir a passagem de gigantes pós-Panamax, navios de mais de 12 mil contêineres, o triplo de carga dos que atualmente atravessam a via.
Concorrência
Imersos na colossal obra, os panamenhos receberam duas notícias preocupantes: a ampliação do Canal de Suez e o projeto de outra via interoceânica, uma velha obsessão da Nicarágua que revive a rivalidade de mais de um século atrás com o Panamá.
O de Suez não compete em muitas rotas com o do Panamá, mas o da Nicarágua sim. “Não há espaço para dois canais na América Central para que os dois sejam viáveis economicamente”, reconheceu o administrador do Canal, Jorge Quijano.
Ele também duvida do êxito de um projeto no qual um empresário chinês pretende construir em cinco anos um canal de 278 km - três vezes mais longo que o panamenho - e a um custo de US$ 40 bilhões.
História
No dia 15 de agosto de 1914, um barco, o Ancón, cruzava pela primeira vez a rota que, após o fracasso dos franceses, foi aberta pelos Estados Unidos ao longo de 80 km na parte mais estreita da geografia da América: o velho sonho de unir os oceanos Pacífico e Atlântico se tornava realidade. “Para o Panamá, o canal significou progresso. Sua contribuição para o comércio na época foi definitiva, e a ampliação é o que queremos oferecer ao mundo hoje”, declarou Quijano.
Com um ritual cuidadoso que leva dez horas, 14 mil barcos por ano, principalmente de Estados Unidos, China, Chile e Japão, cruzam de oceano a oceano carregados de mercadorias, petróleo, carros, grãos ou passageiros, em uma rota que envolve 1.700 portos em 160 países.