"Passei frio e sofri muito", conta Rayane Araújo Moraes, de 18 anos, que foi presa neste ano após pagar US$ 15 mil a coiotes para atravessar a fronteira do México para os Estados Unidos. Ela e o marido seguiram pela cidade de Juárez, no México, tendo de caminhar três horas a pé. Ambos acabaram pegos e ela foi mandada para a prisão em Chicago, onde diz ter sofrido bastante.
"A comida era pouca e foi tudo muito difícil", relatou Rayane. A jovem foi presa em abril deste ano e lá ficou por cerca de quatro meses.
O relato da mineira veio à tona após grupo de brasileiros desaparecer na tentativa de fazer a travessia. As autoridades americanas trabalham com a hipótese de que todos estejam vivos, provavelmente mantidos incomunicáveis em algum ponto, aguardando o melhor momento para tentar ingressar no país. Essa linha é reforçada pelo fato de a guarda costeira americana não ter encontrado vestígios de naufrágio. Outra hipótese em investigação pelos norte-americanos é de que a embarcação esteja à deriva.
Os brasileiros que pretendiam ingressar ilegalmente nos Estados Unidos estão desaparecidos desde o dia 6 de novembro. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que acompanha o caso desde o dia 15 de novembro. "Nessa data, familiares de brasileiros que viajaram para as Bahamas informaram à Embaixada do Brasil em Nassau que haviam perdido contato com eles."
Segundo a pasta, a informação do desaparecimento foi imediatamente repassada à Polícia Federal e às autoridades migratórias, policiais e guardas costeiras de Bahamas e dos Estados Unidos. O Itamaraty vem trabalhando em conjunto com essas instituições.
Até o momento, porém, não há informações sobre o paradeiro das pessoas ou do barco em que elas estavam. "Por meio da Embaixada do Brasil em Nassau e do Consulado-Geral do Brasil em Miami, o Itamaraty continua engajado na busca de informações, em contato permanente com as autoridades dos EUA e das Bahamas, bem como com as famílias dos brasileiros desaparecidos que procuraram auxílio", diz a nota. Ela acrescenta que, por respeito à privacidade das pessoas desaparecidas, não divulga detalhes sobre a identidade delas.
Essa não é a primeira vez que a rota marítima entre Bahamas e a Flórida é utilizada. Já houve caso de interceptação de uma embarcação com brasileiros.