Enquanto a grande maioria dos paulistanos que se aventuram a passar feriadões no litoral chega a perder várias horas nos congestionamentos das estradas, alguns fazem o mesmo percurso em pouco mais de meia hora. A resposta está no bolso: cada vez mais há gente disposta a pagar até R$ 10 mil por trecho para ir da capital ao litoral de helicóptero.
Dados das principais empresas de táxi aéreo da capital mostram que a demanda de voos entre São Paulo e as principais cidades litorâneas do Estado quase triplica entre novembro e janeiro, se comparado com os outros meses do ano. E é um mercado em ascensão. "A cada ano, registramos um aumento de 20% na procura por esse tipo de serviço para o litoral", afirma o gerente comercial da empresa Helimarte, Rafael Dilys.
Para literalmente passar por cima das longas filas de carros comuns nas estradas nessa época do ano é preciso desembolsar valores que vão de R$ 1,8 mil a R$ 10 mil por trecho, conforme o destino e a aeronave escolhida. Do Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, para a Baixada Santista, por exemplo, leva-se aproximadamente meia hora. Para destinos do litoral norte, como Ilhabela, o tempo estimado é de 1 hora de voo.
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), dos 26 helipontos privados de todo o litoral paulista, 18 estão no litoral norte e no Guarujá. Desse número, nove foram registrados em 2013 - o que indica uma tendência de crescimento nesse tipo de deslocamento. E o Guarujá parece ser o destino mais requisitado, já que cinco dos helipontos privados de 2013 ficam nesse município.
Agilidade
Há 15 anos o consultor jurídico Sergio Alcebíades, de 52 anos, vai de helicóptero para o Guarujá. "Já fui de carro para mostrar que não dava, para mostrar o quanto era difícil", diz, rindo. Alcebíades utiliza um pacote mensal de horas de voos de uma empresa de táxi aéreo que custa cerca de R$ 30 mil. O serviço é utilizado pelo consultor em situações de trabalho e lazer ao longo do mês.
Quando viaja, ele chega a decidir até 30 minutos antes a hora da partida e diz que a vista do alto vale a pena. "É encantador ver os navios, os barcos, cruzar a Serra do Mar e as cachoeiras do alto. Por mais que se voe, sempre é diferente, cada vez você percebe alguns detalhes que não tinha visto", afirma. Antes do Natal, o executivo foi com a namorada passar três dias na praia das Astúrias, para curtir o barco novo.
Segundo o gerente comercial da empresa Helimarte, o perfil de quem fecha voos para o litoral nesta época do ano varia. "A maior parte dos passageiros é composta por famílias, mas também há casais, amigos solteiros etc", diz Rafael Dilys.
De acordo com ele, o maior motivo para a procura de helicópteros é a fuga dos engarrafamentos. "Neste ano mesmo, fechamos com uma cliente de São Paulo para o Guarujá que vai e volta três vezes: no feriado de Natal, no feriado de ano-novo e no fim de semana após os feriados. Tudo para passar a folga com a família e trabalhar nos dias úteis."
Ilhabela
Além da Baixada Santista, um dos principais destinos dos voos é Ilhabela, no litoral norte. Jorge Maroum, dono de um dos cinco helipontos privados da cidade, no qual passam cerca de mil aeronaves por ano, diz que a média diária de 80 helicópteros por mês salta para 160 em dezembro e janeiro. "Noventa e cinco por cento dos voos que pousam aqui vêm de São Paulo, enquanto os outros 5% são do Rio de Janeiro e de São José dos Campos." Para ele, o município é procurado por causa dos serviços oferecidos. "O público de helicóptero é triplo A e aqui na ilha, além de praias limpas, há bons restaurantes e hotéis." Colaborou Rodrigo Burgarelli. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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