Pé-Quente: boa fase da seleção brasileira impulsiona vendas no comércio

Lucas Simões
lsimoes@hojeemdia.com.br
05/07/2018 às 18:49.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:13
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

As três vitórias consecutivas da Seleção na Copa do Mundo, que garantiram o avanço às quartas de final, não só animaram os torcedores em Belo Horizonte, como contribuíram para quase acabar com os estoques de camisetas oficiais e licenciadas do Brasil, além de gerar promoções entre diversos itens de artigos esportivos.

Segundo análise da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), em julho, o consumidor da capital tem cumprido a promessa de gastar, em média, R$ 117 com artigos esportivos, 17% a mais do que as despesas com roupas (R$ 100) e 129% a mais do que as despesas com bares e restaurantes (R$ 51).
“Com a Copa na reta final, aparecem as ofertas e promoções para esgotar os estoques. E parte do funcionalismo público recebeu a primeira parcela do 13º salário, o que ajuda nesses gastos”, diz Ana Paula Bastos, economista da CDL. 

Nesse contexto, muitos lojistas têm aproveitado para tentar esgotar seus estoques de artigos do Brasil. 

O comerciante Lucas Paiva, proprietário do Espaço da Copa, na Feira dos Produtores, comprou cerca de 100 variedades de itens, acumulando mais de 1.000 produtos, entre apitos, bolas, bonés, perucas, canecas e bandeiras. A expectativa é zerar o estoque até a semana que vem. 
“Depois do segundo jogo do Brasil, abaixei o preço e fui vender tudo na faixa de R$ 10 a R$ 25, sendo que antes tinha cornetas de até R$ 50. Só as camisas é que são mais caras, R$ 75 no modelo polo bordado e R$ 20 na comum. Se o Brasil passar da Bélgica, o estoque acaba no meio da semana que vem”, diz Lucas.

No quesito camisas da Seleção, as vendas dispararam após a “Canarinho” vencer. Na Loja do Torcedor, no Shopping Oiapoque, têm sido vendidas pelo menos 100 camisas às vésperas de jogos do Brasil, com o boom de vendas impulsionado pela vitória sobre a Costa Rica. Para o confronto de hoje contra a Bélgica, a expectativa é superar essa marca. “Temos um estoque de 700 camisas e pode ser que elas já acabem na manhã do jogo. Cada uma sai a R$ 85, mas damos desconto de 15%para quem compra mais de 20 unidades para revender. Se o Brasil ganhar, não teremos mais camisas”, diz Claudeir Eglerson da Silva, gerente da Loja do Torcedor.

Com o estoque quase no fim, a loja Casa dos Craques tem vendido uma média de dez camisas por dia, totalizando, até agora, 160 unidades comercializadas. O estoque feminino, com cerca de 150 camisas, entre oficiais e genéricas, está esgotado. “A gente tem vendido mais as genéricas, que custam R$ 39,90. As oficiais ficam na casa de R$ 85,90, vendem menos. Mas, se o Brasil avançar, as vendas devem crescer pelo menos 20% e vamos tentar comprar mais para o estoque”, diz Robson. Riva Moreira 

Loja É Gol, de Filipe Gonzaga, vendeu 320 camisas

Fornecedores

Com as vendas de artigos esportivos em alta e muita expectativa sobre o avanço da Seleção brasileira no Mundial, muitos comerciantes não conseguiram fazer pedidos de produtos oficiais ou licenciados, devido à impossibilidade das marcas em atender a demanda dos lojistas. 
A Nike, fabricante das camisas do Brasil na Copa do Mundo da Rússia, informou que trabalha “sob demanda para atender os comerciantes, mas não tem como repor estoques de pedidos feitos em julho, antes do prazo de três meses para entrega” — ou seja, após o fim do Mundial.
Trabalhando apenas com produtos oficiais e licenciados, Filipe Gonzaga, proprietário da Loja É Gol, na Savassi, vendeu 320 camisas da Seleção adultas, entre masculinas e femininas, além de outras 100 infantis. 


“A maior procura, por incrível que pareça, foi da camisa azul oficial, depois a amarela, que custam R$ 249. Quando essa acabou, comecei a vender a versão do torcedor, modelo de 2017, que sai a R$ 149. Como a procura feminina foi alta, cheguei a pedir reposição com mais 70 peças. Mas, acabaram todas desde o início da Copa. Essa semana não tenho mais nada”, diz Filipe.

As únicas camisas ainda à venda na Loja É Gol são as edições especiais de uniformes de times brasileiros mesclados às cores da Seleção — a única exceção são camisas do Atlético-MG, uma vez que o clube não autorizou a parceria com a CBF para a confecção da camisa mesclada. 
Até mesmo o mascote oficial produzido pela CBF, uma pelúcia do “Canarinho Pistola”, vendida a nada menos do que R$ 159 na loja, esgotou em menos de duas semanas. 
“Eu pedi pouquíssimas unidades, vendeu muito rápido. Se soubesse, teria comprado mais. Por que, a essa altura, se a gente fizer pedidos, só vão chegar depois do Dia dos Pais. Os meus pedidos para a Copa foram todos feitos em outubro do ano passado, muito antes. Pedir mais produtos agora é um risco porque o Brasil pode sair da Copa e, se isso acontecer, a gente fica com um estoque parado”, completa Filipe.

Em nota, a CBF informou que “produz edição limitada dos produtos oficiais, incluindo o mascote Canarinho, confeccionado especialmente para a Copa do Mundo da Rússia”. Além disso, a entidade informou que “os pedidos de produtos oficiais devem ser feitos com, pelo menos, três meses de antecedência”.

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por