Pecuaristas querem o adiamento da exigência do uso de brincos no gado rastreado

Jornal O Norte
19/12/2007 às 11:26.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:26

A exigência é parte das


normas do novo Sisbov

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Nem todos os pecuaristas concordam com as mudanças do novo Sisbov- Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos. Essa é a posição de milhares de produtores espalhados pelo Brasil, especialmente nos circuitos onde a pecuária de corte é intensa como em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, entre outros.

Segundo informações do Mapa-ministério da Agricultura, deve sair ainda esta semana o resultado do adiamento ou não do uso dos brincos de rastreamento do gado, para que a carne do animal abatido seja vendida à União Européia. A próxima quarta-feira é último dia para que os pecuaristas se adequem à portaria 898/2007 do Mapa. O monitoramento é uma exigência dos europeus, mas a aplicação é de competência do governo brasileiro. Hoje, apenas 22 mil propriedades brasileiras estão cadastradas e pouco mais de 10 milhões de animais estão registrados no Sisbov.

A discussão da alteração da data contida na portaria foi anunciada pelo diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Mapa, Nelmon Oliveira da Costa, no final da audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, na última quinta-feira, na qual parlamentares e produtores questionaram o período reduzido para adoção do sistema de controle.

- Vou levar ao conhecimento do ministro, Reinhold Stephanes para aumentar o prazo. Dou o retorno sobre a portaria 898, mas a solução vai sair de reunião do Mapa com a iniciativa privada, afirmou Costa.

Costa afirmou que o Mapa já orientou os técnicos responsáveis pela fiscalização no abatedouro, que, caso o animal esteja sem o brinco, que apurem em outros documentos se aquele animal pertence ao lote. Caso seja confirmada sua rastreabilidade, o lote é liberado para o abate.

O presidente do conselho dos secretários de agricultura dos Estados brasileiros, Gilman Viana, as medidas tomadas pelo ministério devem auxiliar na manutenção do status das áreas já habilitadas. Mas alguns negociadores do governo acreditam que o tom usado pelos europeus foi claro: não haverá ampliação da zona habilitada até que o novo Sisbov seja provado capaz de garantir o rastreamento dos animais.

No Norte de Minas onde o rebanho perfaz a casa de 2,5 milhões de reses, os pecuaristas têm sido alertados pelo Ima- Instituto mineiro de agropecuária e pela Sociedade Rural a se cadastrarem no novo Sisbov, visto que o prazo vai até o próximo dia 31 de dezembro.

O presidente da Sociedade Rural, Alexandre Vianna, informou que o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Márcio Portocarrero, afirmou que o prazo para os pecuaristas migrarem do antigo para o novo Sisbov não será prorrogado. Desta forma, frisa Vianna, o descumprimento do prazo implicará a perda de rastreabilidade dos animais, já que o modelo antigo será extinto no dia 1º de janeiro de 2008.

COMO FUNCIONA O SISBOV

O Sisbov que funciona por adesão voluntária tem o propósito de atender aqueles pecuaristas que desejam exportar o gado rastreado. Segundo o Mapa- ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no Brasil há um total de 201,417 milhões de cabeças de bubalinos e bovinos, e a previsão é que ainda esse ano seja aplicada cerca de 395 milhões de doses da vacina contra febre aftosa.

No circuito que compreende o Norte de Minas a vacinação já terminou, e segundo o delegado do Ima, Humberto Antunes foi vacinado 95% do rebanho da região. Essa porcentagem diz respeito a 1,6 milhões de cabeças de gado com até 24 meses, referentes à delegacia do Ima em Montes Claros.

O sistema é de adesão voluntária, permanecendo a obrigatoriedade nos casos de comercialização para mercados que exijam rastreabilidade, como a União Européia, Chile e Reino Unido.

Vale ressaltar que só podem ser comercializadas e utilizadas no País as vacinas registradas e controladas pelo ministério da Agricultura. É de responsabilidade dos produtores a aplicação das vacinas, mas cabe ao Governo fiscalizar e orientar a vacinação.

No Norte de Minas cerca de 300 a 400 propriedades trabalham com gado para exportação, sendo que comercializam seus animais com o frigorífico Independência em Janaúba, ou o Mataboi e Bertim, do Triângulo Mineiro.

Hoje, o Independência abate diariamente aproximadamente 800 a mil cabeças com previsão de que esse número chegue a 1.200, em 2008. Na última reunião técnica de avaliação do Sisbov, a missão européia considerou um desastre a operacionalização do novo sistema. Diante da péssima repercussão, o ministro Reinhold Stephanes tentou remediar, sem sucesso, a situação. Ouviu dos europeus que o relatório da missão descreveria os achados e as inconformidades, encontradas sobretudo em grandes confinamentos de bois de São Paulo e Goiás.

O Ministério decidiu reforçar o status do Sisbov, transferindo a operacionalização e a auditoria do sistema da secretaria de Desenvolvimento Agropecuário para a secretaria de Defesa Agropecuária, como forma de antecipar-se ao relatório que virá.

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