Pelo menos 69 políticos com mandato atualmente foram citados na “Lava Jato”, que investiga o maior escândalo de corrupção e lavagem de dinheiro da história do Brasil. Dos atuais representantes do Congresso, que foram ao menos mencionados em delações ou alvos de averiguações da Polícia Federal, estão 21 senadores e 35 deputados federais.
Além deles, compõem a lista o presidente Michel Temer (PMDB), nove ministros e três ex-ministros do atual governo que deixaram o cargo após acusações, conforme levantamento feito pelo Hoje em Dia. Entre os citados, muitos eram conhecidos pelos apelidos.
Desde que começou, em março de 2014, a operação, que apura esquemas fraudulentos em contratos que contribuíram para o esvaziamento dos cofres da Petrobras, já instaurou 1.374 processos, culminando em 118 condenações. As investigações em uma rede de postos de combustíveis foram apenas o início de uma grande ação que levaria à perda de mandatos e prisão de políticos e empresários de empresas de grande expressão econômica.
As propinas, destinadas a agentes públicos e políticos, somavam R$ 6,4 bilhões, até novembro, data da última contabilização do Ministério Público Federal (MPF). Desse total, R$ 3,1 bilhões são alvo de recuperação por acordos de colaboração.
Para o fundador da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco, a “Lava Jato” escancarou aos brasileiros a contaminação profunda da classe política. “A sensação é a de que a corrupção está instituída e pavimentada no Executivo e Legislativo”, afirma.
Para ele, a força-tarefa deu o melhor presente que o país poderia ter ganho nos últimos anos. “Mas não é mais possível continuar convivendo com esses caciques da política envolvidos em esquemas de propina e corrupção. Para este Natal, temos que pedir para Papai Noel que o STF (Supremo Tribunal Federal) seja iluminado e dê agilidade à tramitação de inquéritos e julgamentos. Que em 2017 e 2018, esses políticos possam ser considerados culpados e sejam execrados da vida pública”, diz.
No caso dos parlamentares que têm foro privilegiado, quando há evidências para apresentação de uma denúncia ao STF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede ao ministro Teori Zavascki, relator da “Lava Jato”, a abertura de inquérito contra determinado suspeito. O Supremo autoriza ou não. Em caso de recebimento da demanda, o suspeito com foro privilegiado passa a ser oficialmente investigado. A operação já soma 37 fases.