(Fernando Michel)
Depois de meses de incertezas, apertos financeiros e muito sufoco, estima-se que ao menos 4 milhões dos cerca de 21 milhões de mineiros recebam o novo auxílio emergencial, que começa a ser pago a partir de hoje, em todo o país. O benefício, que será depositado em quatro parcelas, em contas digitais na Caixa, terá o valor médio de R$ 250.
Embora o Ministério da Cidadania não tenha divulgado, até essa segunda-feira (5), o total por estado, informou que serão 46 milhões de brasileiros beneficiados. No ano passado, quando 68 milhões de pessoas receberam a ajuda federal (e com valores mais generosos, de R$ 600 ao mês, em média), o Estado teve em torno de 10% do quantitativo: 6,4 milhões. A previsão, agora, é de que o percentual se repita. Em Belo horizonte, pelo menos 400 mil teriam direito ao novo auxílio.
Ainda de acordo com a pasta federal, um total R$ 23,4 bi serão destinados no país ao público já inscrito em plataformas digitais da Caixa Econômica Federal; outros R$ 6,5 bilhões, a integrantes do Cadastro Único do Governo Federal; e R$ 12,7 bilhões a atendidos pelo Bolsa Família – totalizando R$ 43 bilhões.
Mesmo com tal montante, o poder de compra do novo ‘coronavoucher’ está seriamente afetado pela diminuição dos valores das parcelas e, claro, pela inflação. “O panorama atual é ainda pior agora do que era no ano passado, quando o auxílio foi editado. Infelizmente, muitos não vão sequer conseguir suprir necessidades básicas com o dinheiro”, destaca o economista do Ibmec, Paulo Casaca.
Uso do auxílio
Repor mercadorias para vender nas ruas. Comprar o leite das crianças. Pagar contas. Garantir o arroz com feijão. Esses serão alguns dos destinos dados ao dinheiro pelos beneficiários do “coronavoucher”. Clenício Alves Rodrigues, de 52 anos, disse que usará o auxílio, que começa a receber hoje, para comprar “água, pipoca e balas para vender” em um sinal de trânsito no bairro Prado, Oeste de BH.
“Moro sozinho, pago aluguel e não posso conto com a ajuda de ninguém. Mês passado eu fiquei devendo R$ 170 ao dono do imóvel onde vivo. Vou gastar essa ajuda em mercadoria e tentar fazer dinheiro com ela, mesmo com o movimento bem fraco nas ruas”, explica.
Também ganhando a vida entre os carros, o ambulante Lucas Henrique Teixeira, de 27 anos, vê no auxílio a chave para suprir parte da alimentação dos quatro filhos. “Vai dar para comprar um pão e leite para as crianças. O restante a gente trabalha e pede ajuda de Deus”, afirma. Já José Carlos de Oliveira, de 51 anos, vendedor de balas, gostaria de usar o dinheiro para por contas atrasadas em dia – como as de água e luz. Mas crê que os R$ 150 da primeira parcela serão insuficientes. “Queria deixar tudo em ordem, mas não vai dar”, diz.
Moradora do bairro Independência, no Barreiro, a autônoma Daiane Ferreira, de 33, também receberá quatro parcelas de R$ 150. Ella espera poder ajudar um pouco nas despesas dela e dos pais, mas lamenta o baixo poder de comprar do benefício. “Só o gás de cozinha já está a mais de R$ 90. Um quilo de arroz não saí por menos de R$ 25. Não dá para fazer quase nada”, lamenta.
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