( Lucas Prates)
Uma semana após o protesto organizado pelos entregadores por aplicativos e motoboys, uma pesquisa mostrou queda nos preços praticados em Belo Horizonte em quatro anos. A redução foi de 8%, conforme levantamento do site Mercado Mineiro, divulgado nesta segunda-feira (6)
A queda em relação a julho de 2016 toma por base a cotação de uma entrega da avenida Raja Gabaglia, na região Centro-Sul, até a Praça Sete, no hipercentro. A pesquisa, realizada em 2 e 3 de julho, verificou os valores de cerca de 60 empresas e profissionais.
O levantamento corrobora uma das reclamações dos entregadores, que também solicitam melhoria nas questões de segurança para a categoria. Se há quatro anos o preço médio era de R$ 18,35 no trajeto, agora está em R$ 16,85.
O coordenador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, disse que nesses quatro anos o preço médio do litro de gasolina em Belo Horizonte saltou de R$ 3,578 para R$ 4,062, reduzindo ainda mais a margem de lucro para os entregadores.
“Com isso, fica claro que o serviço é extremamente útil, mas está pouco valorizado. Os aplicativos de entrega de fato vieram para ajudar os consumidores, mas ao mesmo tempo não podem explorar os profissionais”, pontua Feliciano Abreu.Lucas Prates
Motoboys fizeram paralisação na semana passada; em BH, manifestação partiu da praça da Assembleia
A pesquisa também avaliou o valor do frete para entregas próximas, em que constatou um aumento de R$15,43 passou para R$16,05 (4%).
Remuneração dos aplicativos
Os entregadores fizeram a manifestação na semana passada criticando a forma como são dados os repasses dos aplicativos para a categoria. “A verdade é que muitos de nós viraram escravos dos aplicativos. Por corridas de dez quilômetros, por exemplo, estão pagando R$ 5. Quando a tarifa sobe, não chega a R$ 8”, disse Cristiano Ferreira, de 46 anos, conhecido entre os colegas como “Motoboy Cristiano”, de 46 anos.
A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), que tem entre seus associados as empresas iFood, 99 e Uber, informou que as “plataformas de delivery operam sistemas dinâmicos e flexíveis, que buscam equilibrar as necessidades de entregadores, de restaurantes e de usuários” e citou o contexto da pandemia de Covid-19 como fator que dificulta a situação dos entregadores, em virtude da competição acentuada pela absorção de mais trabalhadores na área.
“As ações de combate à crise foram desenvolvidas mesmo em um cenário de acirramento da competição entre empresas e aumento expressivo no número de entregadores. Diante de um cenário econômico crítico como o da pandemia da Covid-19, a flexibilidade dos aplicativos foi essencial para que centenas de milhares de pessoas, entre entregadores, restaurantes, comerciantes e micro empresas, tivessem uma alternativa para gerar renda e apoiar o sustento de suas famílias”, diz em nota a Amobitec.