Pesquisador norte-mineiro encontra alternativa para alimentação de peixes

Jornal O Norte
13/11/2008 às 12:07.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:50

Juliana Paiva


Colaboração para O NORTE

Resíduos de hortaliças podem substituir parte da ração usada na alimentação de tilápias e tornar a criação economicamente viável para pequenos produtores. Essa é uma das conclusões parciais do trabalho de pesquisa desenvolvido em Montes Claros, Norte de Minas, pelo aluno do mestrado em Ciências Agrárias /Agroecologia da UFMG Wedson Carlos Lima Nogueira. A pesquisa intitula-se Viabilidade técnica e econômica da produção de tilápia do Nilo alimentada com resíduos de hortaliças.

Nos experimentos, realizados no Instituto de Ciências Agrárias (ICA), campus regional de Montes Claros, Wedson usou folhas de couve e batata-doce. Ele testou diferentes doses de resíduos de hortaliças na alimentação das tilápias e comparou o desempenho desses animais, em cada um dos casos, ao de tilápias alimentadas apenas com ração. Segundo o pesquisador, levando em consideração as variáveis ganho de peso e custo da alimentação, os melhores resultados foram obtidos com o uso de 60% de resíduos de hortaliças e 40% de ração. Wedson explica que, nessas condições, as tilápias demoraram cerca de 5 meses para chegar ao ponto de abate, um mês a mais do que levariam se fossem alimentadas apenas com ração. “Demora um pouco mais, mas a produção se torna mais viável’, comenta o pequisador.


 


Outra vantagem do uso dos resíduos é a facilidade de preparo: não há necessidade de qualquer tratamento especial, as hortaliças precisam apenas ser picadas e jogadas para os peixes. Tarefa que pode ser desempenhada apenas com a mão-de-obra familiar, sem gastar qualquer outro tipo de energia.


 


DEMANDA REAL


 


A justificativa para a preocupação com a viabilidade econômica e técnica da produção está na origem do projeto, que surgiu de uma demanda de agricultores familiares da comunidade Planalto, em Montes Claros. Esse é, aliás, o direcionamento de boa parte das pesquisas desenvolvidas dentro de mestrado em Ciências Agrárias /Agroecologia da UFMG, que tem como proposta buscar demandas de comunidades rurais da região e devolver os resultados das pesquisas na forma de aplicações práticas.

De acordo com Wedson, a psicultura já é uma atividade mantida por cerca de 60 famílias de agricultores da comunidade Planalto. Eles costumam criar os peixes nos reservatórios usados para a irrigação das hortaliças e frutíferas, num sistema chamado mandala – canteiros concêntricos formados ao redor de uma fonte d´água.  No entanto, esses produtores ainda carecem de orientação técnica e da viabilidade econômica para a produção comercial.

MINI-CURSO

Com previsão de defender sua dissertação em fevereiro de 2009, o pesquisador já começou a devolver à comunidade os resultados de seu trabalho. Uma das oportunidades de fazer isso foi o 2º Dia de Campo Agroecológico, realizado pelo programa de mestrado do ICA no último mês de setembro, na comunidade Planalto. Agora, juntamente com alunos de graduação do ICA, ele prepara um mini-curso e uma cartilha sobre produção de lingüiça de peixe e fishburguer, além de outra cartilha sobre manejo de peixes. Todas essas iniciativas têm como público os produtores da comunidade. O mini-curso deve acontecer ainda neste mês de novembro, segundo Wedson Nogueira.

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