Serra Negra

Pesquisadores descobrem nova espécie de sapo no Jequitinhonha: marrom e dedos alaranjados

Identificada como Crossodactylodes serranegra, a espécie foi localizada no topo de uma montanha na Serra do Espinhaço

Da Redação*
31/08/2023 às 09:21.
Atualizado em 31/08/2023 às 09:33
 (Reprodução/ Marcus Thadeu Teixeira Santos (Unesp))

(Reprodução/ Marcus Thadeu Teixeira Santos (Unesp))

Uma nova espécie de sapo foi descoberta por pesquisadores no Parque Estadual da Serra Negra, em Itamarandiba, no Vale do Jequitinhonha. Identificada como Crossodactylodes serranegra, a espécie foi localizada no topo de uma montanha na Serra do Espinhaço e acredita-se que viva apenas naquela região, conhecida pela riqueza da biodiversidade. 

A descoberta é resultado de um trabalho em equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Instituto de Biociências da Unesp Rio Claro (IBB/Unesp), da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade de Kent e do Instituto Biotrópicos. O achado foi relatado em artigo publicado em junho na revista Herpetologica. As descobertas poderão contribuir para o conhecimento sobre a biodiversidade brasileira e para embasar ações de conservação.

Segundo a Unesp, o animal tem coloração marrom-claro e dedos alaranjados, foi encontrado em um trecho de floresta com características favoráveis à existência de espécies do gênero Crossodactylodes, como árvores baixas, arbustos, musgos, liquens, alta densidade de bromélias e altitude acima de 1.000m. 

Alguns pesquisadores da equipe já haviam relatado, em 2013, a descoberta de outra espécie do gênero, nomeada como  Crossodactylodes itambe. De acordo com a Unesp, os dois achados são parte de um expressivo crescimento no número de espécies de anfíbios encontradas no Brasil nos últimos anos. Entre 2019 e 2021, 50 achados foram adicionados à lista de anfíbios do Brasil, publicada pela Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH).

Crossodactylodes

As espécies do gênero Crossodactylodes estão distribuídas desde o sul da Bahia até o estado do Rio de Janeiro, ao longo de montanhas da Mata Atlântica e do ecossistema chamado de Campo Rupestre. A pesquisa que resultou na identificação de C. serranegra teve início em 2017, a partir da pesquisa de campo da bióloga Izabela Barata, da Universidade de Kent, em um trecho do Parque Estadual da Serra Negra. 

Durante a pesquisa, Barata encontrou dois espécimes de sapo com uma coloração alaranjada nos dedos, e, após relatar a descoberta houve a suspeita de que poderia se tratar de uma nova espécie. A descoberta, porém, não pode ser atribuída ao acaso ou à sorte. A bióloga trabalha com a elaboração de modelagem preditiva, e usou a ferramenta para identificar locais onde a ocorrência de espécies de Crossodactylodes poderia ser mais provável.

Em uma nova etapa de trabalho de campo, no início de 2018, pesquisadores da equipe coletaram espécimes adicionais para a realização de análises mais detalhadas. A confirmação veio poucos anos depois a partir dos resultados das análises morfológicas, isto é, do estudo de estruturas presentes no corpo dos animais. Análises genéticas do material também trouxeram indícios de que realmente poderia se tratar de uma espécie de anfíbio ainda não descrita no país.

*Com informações da Universidade Estadual Paulista (Unesp)

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