Pesquisadores encontram nova espécie de peixe em Minas

Jornal O Norte
11/12/2008 às 12:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:52

Da Agência Minas

O monitoramento realizado pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) na bacia do rio Jequitinhonha, resultou na descoberta de uma espécie de peixe ainda não catalogada pelos biólogos. Os trabalhos fazem parte programa Peixe Vivo, criado para preservação dos peixes e das bacias hidrográficas onde a Cemig tem usinas.

NOVO

O peixe tem as características de um piau de pequeno porte, com cerca de 10 cm de comprimento, caracterizado pela presença de bolas (máculas) pretas grandes e médias distribuídas pela lateral de seu corpo. Ele foi encontrado em um afluente no município de Padre Carvalho, no Médio Jequitinhonha.

Existem apenas 36 espécies catalogadas no rio Jequitinhonha, incluindo, entre as principais, piau, piapara, surubim, maria-mole, curimba e cascudo. Essa fauna aquática ainda é pouco estudada, sendo que a região do Médio Jequitinhonha e seus afluentes é considerada uma área de importância biológica muito alta, segundo o Atlas Biodiversidade em Minas Gerais.

Os primeiros relatos de espécies de peixes são de expedições colonizadoras do século 19. Muitos dos nomes populares surgiram de moradores ribeirinhos que utilizam o rio para a pesca. Essa vocação, mesmo que menos aparente do que em outras bacias de Minas Gerais, reflete-se no próprio nome do rio. Jequi significa armadilha para apanhar peixes, enquanto que o significado de tinhonha é rio largo.

PESQUISA

Os estudos realizados por biólogos da Cemig acontecem, principalmente, na área de influência da Usina de Irapé, buscando monitorar o reservatório e identificar as áreas em que os peixes possam se reproduzir antes e após a barragem. Um banco de dados sobre os locais de ocorrência, a dieta, a reprodução e a variedade vai facilitar na identificação da densidade da ictiofauna ao longo do tempo e auxiliar nas ações de preservação.

Segundo o biólogo Francisco Andrade, que realizou diversas campanhas de monitoramento no Jequitinhonha em 2008, os levantamentos podem inclusive indicar a necessidade de implantar sistemas de transposição para os peixes de piracema da região. Sobre a nova espécie, a descoberta é importante para a região, pois quanto mais espécies encontradas, mais expressiva a bacia se torna para a biodiversidade de Minas Gerais.

ESCOLHA DO NOME

Para a escolha do nome do peixe, a Cemig irá promover um concurso entre os moradores do Médio Jequitinhonha. O concurso Piau, o quê? irá colher sugestões de ribeirinhos, pescadores, estudantes, autoridades e demais representantes da região sobre o nome que eles gostariam dar ao piau encontrado no rio.

Os primeiros estudos sistemáticos na bacia, realizados antes da implantação da Usina de Irapé, em 1989, trouxeram uma série de informações sobre a ictiofauna local, inclusive sobre uma espécie que era considerada extinta no rio, o roncador. De 2003 a 2006, uma equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizou o monitoramento durante a construção da usina.

Os dados coletados em campo também estão sendo estudados por especialistas da PUC Minas. Os professores Nilo Basoli e Gilmar Bastos Santos, do departamento de Zoologia, formaram grupos de estudantes e biólogos para pesquisarem sobre a reprodução e dieta de espécies monitoradas. Nos levantamentos, foram identificadas algumas espécies em atividades de reprodução.

As pesquisas vêm ocorrendo em parceria com pescadores nos trechos próximos às comunidades de Terra Branca e Malhada, em José Gonçalves de Minas, Jatobá, em Coronel Murta, no reservatório no rios Itacambiruçu e Vacaria, em Cristália e Grão Mogol, além de córregos e afluentes vizinhos.

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