Petrobras muda reajuste da gasolina e segura variação de preços por até 15 dias

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br / @MoraesTati
06/09/2018 às 22:19.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:20

 Petrobras aprovou o uso de um mecanismo de proteção (hedge) que pode segurar o preço da gasolina por até 15 dias. Ao fim do período, no entanto, o repasse das oscilações será feito integralmente ao consumidor. Vale ressaltar que entre julho do ano passado e esta semana, o combustível em Belo Horizonte aumentou 34,64%, saltando de R$ 3,467 o litro para R$ 4,668, conforme levantamento da Associação Nacional do Petróleo (ANP). 

“A Petrobras escolherá os momentos em que aplicará o instrumento, considerando a análise de conjuntura, em cenários de elevada volatilidade do mercado. O preço da gasolina continuará sujeito a mudanças até diárias, uma vez que esse mecanismo será utilizado opcionalmente, quando, então, os preços ficarão estáveis durante o período de sua execução”, diz a nota da petroleira. 

A intervenção pode ser utilizada em períodos em que a moeda norte-americana sofra variações bruscas, motivada por catástrofes naturais ou mudanças internacionais. 

“A Petrobras mudou a política de preços em um cenário de dólar baixo e cotação do barril baixa. Foi uma decisão conveniente e muito perigosa. Agora, o governo tem nas mãos uma bomba relógio e não consegue desarmá-la”Bráulio ChavesEspecialista no setor de combustíveis

Volatilidade
Atualmente, os preços nas refinarias têm sido reajustados quase que diariamente. No dia 4 de setembro, por exemplo, o litro da gasolina custava R$ 2,1704 e no dia seguinte saltou para R$ 2,2069, elevação de 1,68%. 

Corridas aos postos
Para o especialista no setor Bráulio Chaves, concentrar os aumentos em um dia pode gerar uma série de problemas, incluindo uma corrida aos postos. Como exemplo, ele cita o aumento de 13% no diesel há cerca de uma semana. 

O preço do diesel estava represado desde junho, após a greve nacional dos caminhoneiros. Uma nova ameaça de greve foi instaurada quando o reajuste do combustível foi anunciado.

“Quando a Petrobras mudou a política de preços e passou a adotar os reajustes diários, ela fez isso em um cenário de dólar baixo e cotação do barril baixa. Foi uma decisão conveniente e muito perigosa. Agora, que o dólar está alto e o barril de petróleo também, o governo tem nas mãos uma bomba relógio e não consegue desarmá-la”, critica o especialista.

Decisões políticas

Ainda de acordo com ele, o governo tem tomado decisões políticas, quando deveriam ser técnicas. “O conteúdo técnico conduzido por decisões políticas piora sistematicamente o quadro. Presenciamos isso na época da greve dos caminhoneiros. Por uma pressão política, o governo tomou uma série de decisões que trouxeram complexidade técnica aos temas e que agora não têm solução”, diz Chaves.

A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) aprovou a medida adotada pela Petrobras. Segundo nota enviada pela entidade, o mecanismo de manter os preços estáveis por até 15 dias nas refinarias pode dar mais previsibilidade ao mercado. 

O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) foi procurado, mas não comentou o assunto.

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