(Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Depois de um segundo trimestre de alívio, a Petrobras voltou a registrar prejuízo. A empresa perdeu R$ 16,458 bilhões no período de julho e setembro, sob impacto de nova baixa no valor de ativos.
O ajuste nos valores soma R$ 15,7 bilhões e refere-se a efeitos no aumento do risco país, do câmbio e da postergação de alguns projetos, com relação à avaliação anterior, feita em dezembro de 2015. "É um evento não recorrente, e a Petrobras não espera que nos próximos trimestres ocorram baixas com a magnitude que aconteceram neste trimestre", disse o diretor financeiro da companhia, Ivan Monteiro.
Foram baixas de R$ 5,6 bilhões em campos de petróleo, R$ 2,8 bilhões em equipamentos vinculado à atividade de produção, R$ 2,5 bilhões na refinaria de Pernambuco e R$ 2 bilhões no complexo petroquímico de Suape.
Os ajustes no valor patrimonial dos ativos são feitos com base na projeção de receita que a empresa terá com cada projeto ao longo de sua vida útil. A valorização do real, por sua vez, impacta na conversão de projeções futuras de receita em dólar.
No terceiro trimestre de 2015, a estatal registrara prejuízo de R$ 3,76 bilhões, provocado também por baixas em valores de ativos. No segundo trimestre de 2016, teve lucro de R$ 370 milhões, o primeiro após nove meses de perdas.
Outra provisão com impacto refere-se aos acordos negociados com fundos de investimento que acionaram a empresa na Justiça de Nova York, no valor de R$ 1,2 bilhão. Em outubro, a companhia anunciou acordo com quatro fundos para encerrar as ações. Foram incorporados esses acordos e aqueles que estão em fase final de negociações, mas não há provisão para ações coletivas.
A Petrobras defendeu que os resultados operacionais mostraram evolução e que, se não fossem os itens extraordinários, teria apresentado lucro de R$ 600 milhões. "Todos os resultados operacionais da companhia melhoraram", disse Monteiro.
A empresa fechou o trimestre com R$ 16,4 bilhões com fluxo livre de caixa, o que significa que gerou mais dinheiro do que gastou. "É um dinheiro que está sendo usado para pagar a dívida", disse o gerente-executivo de desempenho, Mário Jorge da Silva.
A dívida, porém, fechou setembro em R$ 398,165 bilhões, ante R$ 397,760 bilhões no segundo trimestre. Em dólares, houve pequena redução, de US$ 123,9 bilhões para US$ 122,7 bilhões. A diretora de exploração e produção, Solange Guedes, disse que foi "o melhor trimestre da história" em termos de produção de petróleo, com recorde trimestral de 2,87 milhões de barris por dia.
O crescimento da produção do pré-sal, que tem melhor qualidade, levou a empresa a reduzir as importações, ampliando de 82% para 96% o uso de petróleo nacional em suas refinarias. Monteiro manteve a meta de venda de US$ 15,1 bilhões em ativos até o fim de 2016 e frisou que, até agora, 65% do valor já foi negociado.
A receita foi de R$ 70,443 bilhões no terceiro trimestre, ante R$ 82,238 bilhões no mesmo período de 2015. Entre janeiro e setembro, a Petrobras acumula prejuízo de R$ 17,334 bilhões, ante lucro de R$ 2,102 bilhões no mesmo período de 2015.
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