PF indicia 3 por incêndio de capela de 1850 no Rio

Clarissa Thomé
25/07/2012 às 20:06.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:51

A Polícia Federal (PF) indiciou três pessoas pelo incêndio da Capela São Pedro de Alcântara, construída em 1850 e tombada pelo Instituo Patrimônio Histórico Nacional. A capela fica no câmpus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Praia Vermelha, zona sul, e foi destruída pelo fogo em março do ano passado.

O sócio da Terreng Engenharia, empresa contratada para fazer a reforma da capela, um arquiteto e um soldador vão responder por crime culposo contra o patrimônio histórico, cuja pena varia de 6 meses a 1 ano. Para o delegado Agostinho Gomes Cascardo Júnior, responsável pelo inquérito, eles agiram com "negligência, imprudência e imperícia".

De acordo com o delegado, o soldador não tinha habilitação para exercer a função. O funcionário trabalhava na cúpula da capela, de cobre. Ele usava um maçarico ligado a um bujão de gás (GLP), em vez de utilizar o equipamento apropriado. "A capela havia acabado de passar por descupinização e foi usada resina à base de petróleo. Havia um monte de madeira aerada, coberta por essa resina, e o soldador usou um maçarico. Era tudo altamente inflamável", afirmou o delegado.

Cascardo disse ainda que um arquiteto atuava como engenheiro responsável, o que é proibido. Ele deveria fiscalizar o trabalho do soldador, mas não estava na capela. "Era um soldador sem habilitação, um arquiteto no lugar do engenheiro, e o sócio da empresa, que deveria ser o responsável, disse não era responsável por nada". O delegado criticou ainda o modelo de contratação da empresa de engenharia. "Fizeram licitação por menor preço. Como alguém numa restauração pode economizar? Contratando gente desqualificada, com condições inadequadas de trabalho. Paga-se pouco para a empresa, mas o prejuízo para a União ficará entre R$ 3 milhões e R$ 8 milhões", afirmou.

A PF não divulgou o nome dos três indiciados. A reportagem entrou em contato com a Terreng Engenharia, mas uma secretária disse que não havia nenhum responsável para falar sobre o inquérito da PF. A empresa não voltou a entrar em contato com a reportagem. A UFRJ não se pronunciou até as 18h30 desta quarta-feira. A capela está sendo recuperada por outra empresa.
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