(RAYSA LEITE / AFP)
A Polícia Federal (PF) instaurou nesta terça-feira (25) um segundo inquérito para apurar o atentado contra o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, no dia 6 de setembro, em Juiz de Fora, na Zona da Mata. A decisão aconteceu porque o prazo para a investigação de procedimento aberto a partir de prisão em flagrante é curto, mesmo com a possibilidade de prorrogação.
Segundo o primeiro inquérito, o autor confesso do atentado, Adelio Bispo de Oliveira, teria agido sozinho. Para a PF, não há indícios de que Bispo tenha agido com outras pessoas. A investigação aponta, em princípio, para a atuação de um lobo solitário. "A opção em abrir um segundo inquérito foi para que se tenha a possibilidade de trabalhar com mais calma, já que se trata de um candidato à Presidência da República líder das pesquisas de intenção de voto", diz uma das fontes do jornal O Estado de S. Paulo.
O objetivo da nova apuração, segundo relatou um investigador, é fazer uma devassa nos últimos dois anos da vida de Bispo e mapear qualquer relação dele com outras pessoas que possam indicar a participação de mais pessoas no ataque.
Todas pessoas indicadas por seguidores do candidato nas redes sociais como "ajudantes" de Bispo foram investigadas e não foram encontrados indícios mínimos de participação na ação. Entre os investigados, estavam três mulheres com o nome Aryanne Campos. Uma mulher com esse nome teria passado a faca para Bispo, segundo denúncias feitas à PF. A versão foi completamente descartada na investigação.
Desde a abertura do primeiro inquérito, ocorrida logo depois do atentado, a Polícia Federal ouviu cerca de 30 pessoas e quebrou os sigilos financeiro, telefônico e telemático de Bispo. A corporação não encontrou movimentação bancária suspeita de Adelio. O único depósito em espécie anormal teve origem em uma causa trabalhista. O cartão internacional em sua posse nunca havia sido utilizado e foi enviado pelo banco sem a solicitação de Bispo.
Lobo solitário
Os equipamentos eletrônicos (celulares e notebook) também foram analisados. O computador estava quebrado e não era usado há um ano. Dois dos quatro celulares estavam desativados e os outros não continham informações sobre contatos com outras pessoas para a prática do crime.
A faca utilizada no ataque passou por perícia que encontrou DNA de Bolsonaro na lâmina, o que prova que ela foi utilizada no crime. Os investigadores descobriram que a escolha da faca como arma para o crime é explicada pelo fato de Bispo ter trabalhado como açougueiro em um restaurante de comida japonesa.
Nesta segunda-feira (24), na primeira entrevista que deu depois do episódio em Juiz de Fora, à rádio Jovem Pan de São Paulo, o candidato afirmou que seu agressor não teria agido sozinho. Adelio Bispo está preso em um presídio federal no Mato Grosso do Sul.
Boletim médico
Internado no Hospital Albert Einstein, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) iniciou nesta terça-feira (25) uma "dieta branda" com boa aceitação, conforme boletim médico.
Anteriormente, o presidenciável estava se alimentando apenas com dieta pastosa e líquida.
Além disso, Bolsonaro realiza exercícios respiratórios de fortalecimento muscular e períodos de caminhada fora do quarto para prevenção de trombose venosa, dizem os médicos que acompanham o presidenciável.
O boletim atesta que o candidato apresenta boa evolução clínica sem dor, sem febre e não há sinais de infecção.(Com Estadão Conteúdo)