(Marcelo Jabulas)
Há 30 anos, games eram brinquedos para crianças e adolescente. Hoje o cenário é outro. O setor de jogos eletrônicos é o maior segmento da indústria do entretenimento, com faturamento superior a US$ 150 bilhões (R$ 735 bilhões) só no ano passado. E quem acha que esse fenômeno é uma realidade lá de fora, tropeçou de forma bisonha, como quem se dispõe a lutar contra o último chefe de "Resident Evil" sem ter uma bazuca carregada. No Brasil, quase três quartos dos brasileiros se divertem com games.
E quem atesta esse percentual é o anuário Pesquisa Game Brasil 2020 (PGB). A edição que contempla o desempenho do setor de games e com comportamento da população, aponta que 73,4% dos brasileiros jogam algum tipo de game eletrônico. A mais recente edição ouviu 5.830 participantes em todo país, em fevereiro, e constatou que o número de jogadores teve elevação de 7,1%, em relação a 2019.
No entanto, analistas acreditam que o volume de jogadores pode ter aumentando ainda mais, com as medidas de isolamento social, como aponta o presidente da Blend New Research, Lucas Pestalozzi. “Alguns hábitos que já apresentavam tendência de crescimento em relação ao ano anterior, como conhecimento e consumos dos eSports (cresceu 6,7%) e jogar diariamente, podem ter acelerado ainda mais em detrimento das atuais medidas de isolamento social”, observa.
E o apontamento de Pestalozzi é bastante pertinente. Março foi o mês de maior faturamento da indústria de games em toda a história, na casa de US$ 10 bilhões, devido ao fato de boa parte da população mundial ter aderido às regras de isolamento.
Celulares
O mesmo balanço que apontou o faturamento recorde do setor, também detalhou que um único game para smartphone (PUBG) movimentou mais de R$ 1 bilhão em março. Por aqui 86,7% dos entrevistados preferem jogar em seus telefones. Afinal, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Brasil tem mais dispositivos móveis ativos que habitantes. São 220 milhões de smartphones. Ou seja, todo mundo tem um videogame no bolso.
Os consoles aparecem em segundo lugar como opção para 43% dos gamers. Computadores, no entanto, são utilizados por 40,7% dos participantes do questionário.
Elas no comando
Em relação ao sexo dos gamers brasileiros, mais uma vez o público feminino é maioria. Segundo a pesquisa, 53,8% dos jogadores são mulheres.Para se ter uma ideia, elas lideram o ranking desde 2016. Já a faixa etária predominante é composta por adultos com idade entre 25 e 34 anos. Essa faixa corresponde a 33,6% dos jogadores.
No entanto, 67,5% dos entrevistados não se consideram gamers. Eles se enquadram na categoria de jogadores casuais, que se divertem diante da tela com menos frequência que o grupo caracterizado como "gamer hardcore", que é aquele indivíduo que tem o game como uma de suas principais atividades de lazer.
Joystick hereditário
Outro apontamento da pesquisa indica que 78,7% gamers que são pais, afirmam que seus pequenos também se divertem com games. Além disso, 71% afirmam que jogam junto com os filhos. Segundo os pesquisadores, trata-se de um comportamento que tem se intensificado nos últimos anos.
E não deixa de ser lógico. Afinal, boa parte dos adultos que ganharam seu primeiro videogame nos anos 1980 e 1990, não jogavam com seus pais, que viam os games como brinquedos. No entanto, esse público manteve o hobby e hoje compartilha com seus filhos.
Bora jogar videogame!