Piloto de Boeing 777 acidentado estava em período de treinamento

Glenn Chapman - AFP
08/07/2013 às 16:34.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:52

SÃO FRANCISCO - A companhia sul-coreana Asiana Airlines reconheceu nesta segunda-feira (8) que o piloto do Boeing 777 que caiu no sábado durante o pouso em São Francisco, acidente que provocou duas mortes, ainda estava em treinamento, o que abre a possibilidade de erro humano.

A empresa informou que Lee Kang-Kuk, de 46 anos, tinha mais de 9.000 horas de voo, mas apenas 43 horas como piloto do 777 e ainda estava em período de treinamento.

"É correto que Lee estava em formação no Boeing 777", declarou à AFP uma porta-voz da Asiana em Seul.

O piloto era supervisionado por uma pessoa experiente, que atuava como copiloto.

"Os dados analisados poderão confirmar se foi uma falha do piloto", afirmou o diretor de política aeronáutica do ministério dos Transportes da Coreia do Sul, Choi Jeong-ho.

Mas o presidente e diretor-geral da companhia sul-coreana afirmou que os relatórios divulgados pela imprensa sobre a inexperiência do piloto são intoleráveis.

Yoon Young-doo reconheceu, no entanto, que o piloto estava em treinamento, mas enfatizou que sob a supervisão de um copiloto experiente.

"Semelhantes especulações são intoleráveis e acho que contrariam os fatos", afirmou. "Este não é um tema para conjecturas. Não se pode fazer especulações", insistiu.

Possível atropelamento no aeroporto

Duas adolescentes chinesas morreram entre as 307 pessoas que estavam a bordo do avião. Seis dos 182 feridos estão em condição crítica.

A imprensa chinesa identificou as vítimas fatais como as passageiras Ye Mengyuan, de 16 anos, e Wang Linjia, de 17, colegas de escola na província de Zhejiang (leste) e que, segundo testemunhos, seriam grandes amigas.

Uma delas pode ter sido atropelada por um caminhão do corpo de bombeiros, enviado para auxiliar nos trabalhos de resgate, informou a comandante dos bombeiros de São Francisco, Joanne Hayes-White, que não identificou a vítima.

"De acordo com os ferimentos, um de nossos veículos pode ter contribuído para os ferimentos (anteriores) ou outro veículo. É algo que pode ter acontecido no caos", disse.

Questionada sobre as primeiras informações sobre a morte, a porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, afirmou: "Seguimos tentando verificar a situação".

Velocidade inferior à recomendada

Segundo registros de voo publicados pela Flightaware.com, o voo 214 ia a uma velocidade de 123 nós quando se encontrava a 300 pés, uma velocidade de 109 nós quando estava a 100 pés e a 85 nós quando estava a 200 pés - quando aparentemente o piloto tentou subir outra vez e abortar a aterrissagem.

O primeiro relatório da análise das caixas-pretas destacava que a aeronave estava a uma velocidade muito inferior à recomendada para o pouso.

A gravação dos dados de voo mostrou que quando o Boeing 777 se aproximava da pista, os pilotos foram alertados que a aeronave corria riscos e pediram para abortar o pouso.

Poucos segundos depois, o avião caiu na pista e um incêndio teve início.

O pedido de abortar o pouso foi registrado no gravador da cabine de comando 1,5 segundo antes da queda, informou a diretora da Agência Nacional de Segurança dos Transportes (NTSB), Deborah Hersman, que coordena a investigação.

Um vídeo obtido pelo canal CNN confirma que o avião, que transportava mais de 300 pessoas, bateu levemente em um quebra-mar perto do aeroporto e derrapou na pista.

As imagens mostram que a ponta da aeronave subiu e a cauda tocou o solo primeiro, antes de virar para o chão, saltar subitamente e depois girar 180 graus.

"Devemos examinar novamente os dados e confirmá-los com a informação de radar e de tráfego aéreo para garantir que temos a velocidade exata. No entanto, não estamos falando de poucos nós aqui e ali. Estamos falando de uma velocidade muito abaixo de 137", afirmou.

O impacto cortou o trem de aterrissagem e arrancou a cauda. Grandes pedaços de fuselagem queimaram em um incêndio após o acidente.

Fraturas na coluna

O voo Asiana 214 decolou de Xangai e tinha 307 pessoas a bordo - 291 passageiros e 16 tripulantes -, depois que fez escala em Seul antes de chegar a São Francisco.

Seis pessoas continuam em estado crítico ou inconscientes, segundo o Hospital Geral de São Francisco.

Os médicos do hospital Geral de São Francisco trataram de "muitas lesões abdominais, uma grande número de fraturas de coluna, algumas das quais incluem paralisia, assim como traumatismos cranioencefálicos e múltiplos tipos de ferimentos ortopédicas", explicou Margaret Knudson, chefe interina de cirugia del centro hospitalar.

No total, 123 pessoas a bordo saíram ilesas, segundo as autoridades.

Entre os 291 passageiros havia 141 chineses, 77 sul-coreanos e 64 americanos.

Este foi o primeiro acidente com mortos da Asiana Airlines desde junho de 1993, quando um Boeing 737 bateu contra uma montanha na Coreia do Sul e matou 68 pessoas.

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