Há pouco mais de uma semana das eleições, o governador Fernando Pimentel (PT) entrou em um cabo de guerra com o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e com o sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público de Minas Gerais (Sindpúblicos).
Nos bastidores, os conselheiros do TCE estão “estarrecidos” com a postura do governo em declarar, por meio de nota, que o conselheiro José Viana tem estreita ligação partidária, insinuando que ele agiria de forma política.
Na sessão plenária da última quarta-feira, todos os conselheiros presentes manifestaram apoio a Viana ou repúdio à nota do governo. Incluindo o ex-líder do governador na Assembleia, e mais novo integrante do TCE, Durval Ângelo.
Viana foi deputado estadual e aliado do PSDB, antes de ser empossado conselheiro. Ele é responsável por julgar as contas de Pimentel e pegou também a ação do Ministério Público que questiona a antecipação de impostos (ICMS) da Cemig para o caixa do Estado. Conforme o Ministério Público de Contas, o ato, em plena eleição, não condiz com o regramento jurídico.
A denúncia da antecipação foi feita pelo Sindpúblicos, que participa de discussões com o governo sobre a folha de pagamento. O sindicato acredita que antecipar a receita poderia colocar em risco os salários de novembro, dezembro e o 13º.
Eis que o governo então decidiu acionar extrajudicialmente o sindicato. “O Sindpúblicos faz parte da Comissão da Folha, criada em decreto pelo governador Fernando Pimentel para acompanhar os pagamentos dos servidores públicos estaduais. A entidade participa de todas as reuniões, não tendo apresentado nenhuma objeção à escala já definida por este grupo e cumprida rigorosamente”, sustenta a Secretaria de Planejamento.
Toda essa querela envolvendo o salário dos servidores criou mal-estar com o TCE e com o Sindipúblicos. Um abacaxi para Pimentel descascar antes do pleito e que pode ter reflexos no resultado das urnas.
‘Inominável’
Em campanha pela reeleição, o governador Fernando Pimentel (PT) classificou o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, como “inominável”. Ele postou mensagem no Facebook sugerindo que a campanha adversária (do senador Antonio Anastasia) apoiaria Bolsonaro.
“ Em Minas, os tucanos começam a sinalizar apoio ao ‘Inominável’ – como diz a nossa Manu. E é contra essa vergonha que precisamos manter nossa voz ativa”, disse lembrando que o ‘predicado’ foi dito pela primeira vez pela candidata a vice na chapa presidencial de Fernando Haddad (PT), Manuela D’Ávila (PCdoB).
O post dá ideia de como deve ser a estratégia de Pimentel em um eventual segundo turno contra Anastasia: ligá-lo à eleição de Bolsonaro. O problema é que grande parte do PSDB (capitaneada por Fernando Henrique Cardoso) estuda justamente declarar apoio a Fernando Haddad.