Plantio de transgênicos ocupará 50% da área

Jornal O Norte
27/11/2006 às 10:44.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:45

No primeiro ano do plantio legal de algodão transgênico, metade da área cultivada utilizará sementes geneticamente modificadas. Mas o índice de semente legalizada cobrirá apenas 10% da superfície plantada da fibra. Não houve tempo suficiente para a multiplicação da variedade transgênica - acredita-se que todas as 25 mil sacas oferecidas já tenham sido comercializadas. O restante é fruto da entrada ilegal, nos últimos cincos anos, de sementes vindas da Argentina, Austrália e Estados Unidos.

Até o momento, apenas 5% da fibra foi cultivada, com plantios no Paraná e em São Paulo. O forte da semeadura ocorre no próximo mês, no Centro-Oeste e Bahia, regiões que devem concentrar o emprego dos transgênicos. O Brasil deve plantar cerca de um milhão de hectares de algodão, segundo estimativas do setor.

Neste ano, conforme noticiou a gazeta mercantil, os produtores podem cultivar apenas a semente transgênica resistente a insetos - está em análise na CTNBio -Comissão técnica nacional de biossegurança a liberação do produto resistente a herbicidas. E é justamente esta a mais cultivada ilegalmente no País, com sementes não certificadas. Na última safra, a fiscalização do ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento detectou transgenia somente de material resistente a herbicida.

- Todos querem plantar para experimentar, avalia Cláudio Manuel da Silva, diretor setorial para algodão da Abrasem -Associação brasileira de sementes e mudas.

Nos cálculos do setor, apesar de a semente transgênica custar o dobro da convencional, haverá redução de custo de até 15% devido à menor aplicação de inseticidas. O mais importante é a menor agressão ao meio-ambiente, avalia Silva. Para o analista Miguel Biegai Júnior, da Safras & Mercado, este primeiro cultivo legal servirá para mostrar as vantagens e desvantagens do emprego da tecnologia no País.

- Não sabemos ao certo como será o comportamento em termos de redução de plantio e de resposta em produtividade, avalia Biegai Júnior.

O produtor Orcival Guimarães de Lucas também pretende experimentar o algodão transgênico. Mas a área a ser cultivada com a variedade será insignificante perto de toda a sua lavoura: 388 hectares ante a 15 mil hectares.

- Como eu ainda não domino a tecnologia, não sei como a semente pode responder em grande escala. Era melhor não arriscar, diz Guimarães.

Ele acredita que poderá ter redução de custos com o emprego de transgênicos e também assegura que haverá um menor impacto ambiental.

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