Considerado um dos maiores artistas do país, desenhista, cartunista e chargista mineiro esteve à frente da revista "O Pasquim" e é o pai do "Menino Maluquinho"
(Ivaldo Cavalcante)
Criador do Menino Maluquinho e um dos fundadores de O Pasquim, o cartunista, chargista e escritor mineiro Ziraldo morreu neste sábado (6), no Rio de Janeiro, aos 91 anos. Natural de Caratinga, é considerado um dos principais artistas do país, sendo autor de livros como Flicts, O Bichinho da Maçã e Menina Nina. Ainda não há informações sobre sepultamento.
Formado em Direito pela Faculdade de Direito de Minas Gerais, de Belo Horizonte, Ziraldo enveredou desde cedo por atividades que exploravam a criatividade, talento revelado já na infância através de seus desenhos. Atualmente, uma exposição interativa no Rio, chamada Mundo Zira, está em cartaz. Em uma semana, atraiu um público de 10 mil pessoas ao CCBB-RJ.
Nascido em outubro de 1932, o primogênito de sete irmãos, que foi batizado com a junção dos nomes dos pais, a costureira Zizinha Alves Pinto e o guarda-livros Geraldo Alves Moreira Pinto, sempre teve o incentivo da família para explorar seu talento. Tanto que, com apenas 6 anos, publicou seu primeiro desenho no jornal A Folha de Minas.
Leitor de escritores como Viriato Correia e Clemente Luz e apaixonado pelos quadrinhos de Hal Foster, Alex Raymond, V. T. Hamlin e R. B. Fuller, com 16 anos, transferiu-se para o Rio de Janeiro-RJ, onde cursou o científico, levando na bagagem sua produção de caricaturas, histórias em quadrinhos, cartazes políticos, ilustrações, contos e poesias.
Enquanto procurava trabalho, publicou desenhos em revistas como Coração, Sesinho, Vida Infantil e Vida Juvenil e O Malho. Dois anos depois, voltou para Minas Gerais, prestou serviço militar e ingressou na faculdade de Direito.
Já formado, em 1957 passou a publicar regularmente na revista A Cigana e, no ano seguinte, mudou-se definitivamente para o Rio de Janeiro e começou a trabalhar na revista O Cruzeiro Internacional. Nos anos 1960, criou uma turma para o personagem Saci-Pererê, que já aparecia na revista O Cruzeiro, e acabou virando desenhista de histórias em quadrinhos com o lançamento da revista Pererê, da qual faziam parte o Saci e toda a turma. Uma coisa foi levando à outra e, em 1969, publicou o primeiro livro destinado ao público infantil, Flicts, que aborda a história de uma cor que não encontra seu lugar no mundo.
Nessa época, sua obra como desenhista e cartunista já havia conquistado reconhecimento internacional. Inclusive com premiações, como o Oscar Internacional de Humor, arrematado no 32.º Salão Internacional de Caricaturas, em Bruxelas, e foi o primeiro latinoamericano a ser convidado a fazer um cartaz para o Unicef.
Foi um dos fundadores do jornal O Pasquim, ao lado de Jaguar, Claudius e Sérgio Cabral, entre outros, publicado de 1969 a 1991. Como sempre expressou suas posições políticas, durante a Ditadura Militar no país, foi preso diversas vezes.