RELOJOARIA DIGITAL

Relógios inteligentes repetem máxima dos suíços, mas no lugar de engrenagens, acumulam sensores

Marcelo Jabulas
@mjabulas
Publicado em 21/09/2023 às 11:46.
 (Samsung/Divulgação)

(Samsung/Divulgação)

Certa vez, num workshop sobre freios ABS, dois sujeitos conversavam durante uma pausa. E um deles disse a seguinte frase: “como engenheiro, não há nada mais fascinante que a relojoaria”. Daquele dia, voltei para a redação com uma explicação detalhada sobre o sistema que não deixa as rodas travarem durante a frenagem e com diminutas engregens comrpimidas numa caixa de um relógio.

A frase voltou a minha cabeça há poucos dias, assim como aquelas pequenas engrenagens que fazem tic-tac. Não era outro workshop sobre freios, mas em um bate-papo com o gerente sênior de Wearables de Mobile Experience da Samsung Brasil, Bruno Freitas. 

Falávamos sobre o novíssimo Galaxy Watch 6 (que em breve traremos o teste completo), e como esses relógios inteligentes reiventaram a relojoaria. Isso porque a cada geração, esses equipamentos recebem mais e menores sensores, como aconteceu com os relógios mecânicos.  

Segundo Freitas, o smartwatch surgiu como uma extensão da telefonia móvel de olho em um nicho de consumidores ávidos por tecnologia. No entanto, esse tipo de dispositivo passou a ter uma demanda que vai além das funcionalidades tecnológicas. “ Hoje, cerca de 30% dos usuários buscam pelo estilo e não pripriamente pelas funcionalidades”, explica.

No entanto, mesmo que seja bacana exibir uma telinha cheia de cores e funções, a indústria não parou no tempo. Os primeiros modelos faziam ponte com os telefones celulares. Hoje, eles permitem controlar diversas funções como comando remoto da câmera do telefone, com direito a imagem em tempo real, atender chamadas, chegar mensagens e e-mails e mais um monte de funções.

As funções cresceram, o que demanda baterias mais potentes e muitos e muitos sensores extras. No entanto, o tamanho do relógio não muda. Os aparelhos têm dimensões na casa de 40 ou 44 mm. E é aí que a referência com os relojoeiros suíços vêm à tona. “Um relógio tem medidas que são um limitador e a cada geração adicionamos mais funções, sensores e sem falar do melhor aprovitamento de tela e bateria”, explica.

E por falar em tela, quando comparamos a primeira geração do Watch com a sexta, podemos ver nitidamente que a coroa do relógio sumiu. No modelo de 2018 ele conta com uma coroa, que inclusive funciona como comando para girar a roda de aplicativos. Agora toda a superfíciel é uma tela, mas mantém a função da “coroa virtual”. Ou seja, não é mais necessário envolver a tela para protegê-la, como era feito há cinco anos.

Saúde

Mas o grande barato da relojoaria dos smartwatches está na inclusão de ferramentas de monitoramento de saúde. Se no primeiro Galaxy Watch, o usuário podia contar passos, degraus de escadas e calorias perdidas, hoje as ferramentas se multiplicaram. “Focamos muito no Watch 6 nos recursos de saúde e bem estar. Começamos com o monitor de frequência cardíaca, eletrocardiograma, pressão arterial e bioimpedância”, comenta. 

Freitas também recorda que dispositivos foram aperfeiçoados para oferecer melhor experiência. “Queremos ajudar nossos usuários a melhorar a qualidade do sono, pois o sono é fundamental para melhor qualidade de vida e ajuda a evitar doenças. Assim, otimizamos os sensores de monitoramento, que não emitem mais luz visível, que incomodava durante a noite”, explica.

Questionado sobre a resistência de alguns médicos com os smartwatches, que usam relógios como se fossem os próprios doutores, Freitas é taxativo. “Não queremos substituir o médico, mas queremos que nossos clientes possam ter mais ferramentas e monitoramento. Um usuário descobriu uma disfunção no coração após um eletro de rotina de seu relógio. Ele procurou um médico e constatou que precisaria de tratamento. Vale lembrar que esses equipamentos são atestados pela FDA (órgão regulamentador dos Estados Unidos) e pela Anvisa. O monitor de pressão arterial precisa ser calibrado com um aparelho de pressão convencional há cada 15 dias, justamente para evitar aferições errôneas”, afirma.

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