PMDB usa Dilma para blindar suspeitos e barrar o PSDB

31/08/2016 às 20:24.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:38

Ao cometer a injustiça de condenar uma presidente eleita, sem a prova cabal de crime de responsabilidade - o que, pelo devido processo legal, beneficiaria o réu (in dubio pro reo)-, os senadores, em especial os do PMDB, fizeram outra manobra jurídico-política para não lhe cassar os direitos políticos por oito anos. Ou seja, a princípio, a presidente Dilma Rousseff (PT) foi afastada definitivamente do cargo para o qual não estaria apta, mas poderia se recandidatar a ele em 2018. A decisão caiu como uma bomba nas hostes tucanas e arrepiou o presidenciável Aécio Neves (PSDB). Dilma poderá ser candidata a senadora em 2018. 

A medida traz em si confissão de culpa (o princípio constitucional da presunção de inocência foi ignorado) e tem um objetivo indireto de conceder àqueles que são acusados ou réus na operação Lava Jato o mesmo benefício. Não se sabe ainda se ela alcança o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB), acusado apenas de mentir a CPI, apesar do envolvimento em escândalos imoralmente gritantes, mas boa parte do Congresso Nacional seria contemplada.

O freio de arrumação atingiu também em cheio o PSDB e o mundo neoliberal que tentam se apossar do novo governo. A operação foi conduzida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e aliados, espalhando brasas e recados ao presidente empossado Michel Temer ("Tamos juntos", disse Renan a ele após o juramento de posse) e, principalmente, ao PSDB.

Desde que sinalizou às elites sociais e econômicas do país que teria condições de derrubar Dilma, em novembro de 2015, quando lançou o programa ultraliberal "Ponte para o Futuro", Temer caiu nas graças do empresariado paulista (Fiesp) e dos tucanos. Seu projeto é mexer, fundo e sem dó, nos direitos trabalhistas e garantias sociais, criando a tal "ponte para o futuro" do capital nacional e internacional. Por meio dele, os tucanos preparariam o terreno para, em 2018, conquistar o poder por meio do voto. Agora, haverá o risco de enfrentar Dilma, que, ontem, colocou a faca entre os dentes, e avisou "nós voltaremos".

Em um primeiro momento, tucanos se rebelaram e fizeram fogo de palha em cima de eventual rompimento. Não durou meia hora. O recado foi recebido, e um lado do PMDB avisou que não aceitará o domínio tucano e das elites econômicas sobre o governo. Porque, no Senado, ficou provado que eles não mandam completamente. Renan deu uma no cravo e outro na ferradura.

PMDB deixa Pacheco sozinho

Não se trata de dissidência, como a do deputado estadual Iran Barbosa, que está com Alexandre Kalil (PHS), mas o PMDB ainda não tirou o pé do chão, deixando seu candidato a prefeito, Rodrigo Pacheco, falando, bem, mas sozinho. Quem der uma olhada nas ruas verá carros, divulgadores e propaganda de Luís Tibé (PTdoB), de Eros Biondini (Pros) e até um comitê de luxo de Kalil na zona sul (Savassi), mas não vê nada do PMDB. A campanha estacionou no comitê, porque o partido não colocou gasolina nos carros.

Além da crise nacional, o PMDB nunca esteve tão baixo na avaliação, mas seu candidato provou, no bem feito e qualificado debate da Rede Bandeirantes, que tem potencial.

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