Elissandro Spohr, um dos sócios proprietários da boate Kiss, que está internado, sob custódia policial, no hospital Santa Lúcia de Cruz Alta, na região Noroeste do Rio Grande do Sul, teria tentado suicídio, segundo a delegada de polícia Lylian Cárus.
Já o médico cardiologista, Paulo Ricardo Nazário Viecili, que está atendendo o empresário, contesta esta versão e diz que seu paciente teve uma crise nervosa. Segundo Viecili, o estado emocional de Spohr é crítico, oscilando entre crises de choro e depressão.
Sob efeito de sedativos, o empresário lembra a todo momento das vítimas. "Do ponto de vista pulmonar, seu estado é regular e vem apresentando melhora, mas do ponto de vista emocional, a situação é muito grave", diz o médico, que não tem previsão de quando Spohr terá condições de receber alta do hospital.
Segundo a delegada, a tentativa de suicídio aconteceu nesta quarta, no horário em que Spohr foi tomar banho. O empresário arrancou a mangueira do chuveiro, amarrando-a à janela do banheiro em uma posição que levantou suspeitas dos policiais que estavam de plantão no quarto. A ação foi percebida rapidamente e impedida.
A delegada disse que Spohr está muito abalado e inconformado com a tragédia que resultou na morte de 235 pessoas. Ainda segundo a delegada, Sphor está consciente da sua condição de preso, só recebendo autorização para visita de seu advogado e, eventualmente, de familiares. "Esta condição implica ainda em não ter acesso à telefone celular ou qualquer outro meio de comunicação".
Internado desde a segunda-feira, o empresário buscou atendimento médico em Cruz Alta - cidade distante 120 km de Santa Maria - porque havia inalado muita fumaça e, além disso, seu estado emocional inspirava cuidados. Junto com Spohr, veio a esposa, grávida de quatro meses, também atingida pelos efeitos da fumaça que destruiu a boate Kiss. Os dois, segundo a delegada, estão internados no mesmo quarto e teriam vindo para Cruz Alta em busca de um hospital para tratamento porque tem amigos que residem na cidade. Quanto à prisão temporária, Lylian explica que o prazo expira na sexta-feira (1º). Se prorrogada por mais cinco dias, os policiais permanecerão fazendo a custódia policial no quarto onde Spohr está internado.
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