Após realizar um ato na semana passada em que "penduraram as algemas", agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal realizaram nesta terça-feira, 11, em todo o País, uma paralisação de 24 horas. No protesto desta segunda, os agentes, que reivindicam melhores condições de trabalho, vestiram camisetas com os dizeres "SOS para a Polícia Federal" e fizeram encenações para tentar demonstrar que a "PF está na UTI". De acordo com informações preliminares da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), a mobilização aconteceu em pelo menos 21 Estados e no Distrito Federal. A entidade, no entanto, não soube precisar quantos policiais aderiram ao movimento. O protesto, segundo o sindicato, não afetou os serviços básicos oferecidos à população, como a emissão de passaportes.
Utilizando a data que marca Dia Mundial do Enfermo, cruzes vermelhas foram utilizadas como um pedido de socorro por uma "PF doente". Em vários locais, os policiais encenaram a Polícia Federal "doente", numa maca de hospital, com balão de oxigênio e soros. Na capital paulista, segundo o Sindicato dos Servidores Públicos Civis Federais do Departamento de Polícia Federal no Estado de São Paulo (Sindpolf-SP), o ato reuniu cerca de 250 policiais federais em frente à superintendência da instituição na Lapa, zona oeste da cidade. De acordo com Alexandre Santana Sally, presidente do Sindpolf-SP, o ato teve o objetivo de chamar a atenção do governo e mostrar o "engessamento da PF". "Hoje há um grau de insatisfação muito grande, não há reconhecimento do nosso trabalho", afirmou.
A demanda principal da categoria é uma reestruturação da carreira. Segundo Sally, a questão salarial não é o foco dos protestos. "Queremos chamar atenção para o descaso e a falta de estrutura da Polícia Federal. A reestruturação da carreira tem como reflexo também a questão salarial, mas não é só isso." Os policiais da capital paulista também realizaram dois minutos de silêncio durante o protesto. Um em homenagem ao cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, da TV Bandeirantes, que morreu após ser atingido por um rojão em manifestação no Rio. A outra homenagem aconteceu em solidariedade ao policial federal Marcelo Luiz de Miranda, de 46 anos, que foi baleado na cabeça durante um assalto no último domingo, no Morumbi, zona sul da cidade. O agente está internado.
Estado de greve.
Desde o início do mês, os 21 Estados mais o Distrito Federal, que registraram os atos nesta terça-feira, estão em estado de greve. "É a indicação para o governo de que estamos dispostos a paralisar as atividades caso as negociações não avancem", disse Sally, que também é diretor da Fenapef. Além de São Paulo, os servidores realizaram protestos em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Roraima, Rondônia, Acre, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Paraíba, Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte.
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