(Jefferson Velloso)
Logo na abertura dos trabalhos legislativos, em fevereiro, Léo Burguês (PSDB), anunciou que apresentaria um projeto de Lei para acabar com a verba indenizatória, que destina mensalmente até R$ 15 mil a cada vereador da capital para custeio das despesas de gabinete. A reação negativa de parte dos colegas vereadores foi imediata e o projeto acabou sendo submetido à análise de uma comissão, trabalho que ainda está em curso. Para Burguês, os colegas que são contrários à extinção da verba não têm argumentos e por isso partem para o ataque. Qual foi o imbróglio com a verba indenizatória?
Eu criei um projeto apoiado por vários dos meus pares, que propunha acabar com a verba. Mas é uma posição pessoal minha. E não é acabar com a condição do vereador trabalhar. É acabar com a prática de ele comprar com os R$ 15 mil, através de nota fiscal dele e onde ele queira. Quem faria todas as compras seria a Câmara através de licitação, para otimizar o gasto público. Nesse processo, teríamos uma disputa limpa, clara e transparente. Hoje, eu e vários parlamentares não aguentamos mais averba indenizatória. A população da capital não aguenta e não entende este gasto de R$ 600 mil por mês, o que resulta R$ 7,2 milhões por ano. Alguns vereadores disseram que o senhor quis aparecer...
Tudo que se faz de bom, sempre vem alguém na mídia querendo dizer que é para aparecer. Quem acompanha o dia a dia da Câmara sabe que essa minha ideia é de muitos anos. Não é de hoje que tento trazer ações positivas. Para aquele vereador que não tem como contestar o objeto do meu projeto, fica a favor da manutenção da verba. A política mudou. Os meios de fiscalização mudaram. As benesses não cabem mais no país. É a Câmara Municipal de Belo Horizonte dando exemplo para o resto do país, porque é uma das mais fiscalizadas pela imprensa e pela população. Mudando de assunto, como o senhor notou a necessidade de criar um “vagão rosa” (exclusivo para mulheres) no metrô de BH?
Recebi um abaixo assinado com cerca de 10 mil assinaturas de mulheres. A iniciativa já funciona com sucesso em Brasília e no Rio de Janeiro. Quando comentei com algumas mulheres que trabalham e utilizam o serviço, elas começaram a falar sobre o “cotovelo bobo”, aquela “pegada na cintura”, o “joelhinho que sobe”. Isso é uma coisa lamentável. Muitas pessoas comentaram no Facebook falando que isso é segregação, mas a maioria dos que falam isso não utiliza o transporte e não conhece a realidade das passageiras. Como será a fiscalização para evitar que homens entrem no vagão rosa?
A segurança e administração do vagão deve ficar a cargo da própria CBTU. Tivemos um caso recentemente no Rio de Janeiro de um policial que tentou dar carteirada no vagão especial. Mas acho que aqui em Belo Horizonte isso não deve ocorrer. Nossa população é mais respeitosa e engajada.