(ANTONIO CRUZ )
Faltando cerca de um mês para as eleições, o Ministério da Saúde convocou uma coletiva, nesta quinta-feira (4), para apresentar um balanço de um ano do programa Mais Médicos e divulgar dados de uma pesquisa de opinião que aponta altos índices de aprovação do programa, vitrine eleitoral da presidente e candidata Dilma Rousseff (PT). O ministro Arthur Chioro (Saúde) ainda aproveitou para rebater a crítica feita pela candidata à Presidência Marina Silva (PSB), que se referiu ao Mais Médicos como medida "paliativa". "Não é um programa paliativo e muito menos tem prazo de validade", disparou Chioro, sem citar a candidata Marina. Também durante o balanço, o Ministério da Educação divulgou a lista de cidades que preencheram os critérios estabelecidos e estão aptas a receberem novos cursos de medicina -abertura de vagas que pode se estender até 2017. O balanço de um ano, chamado pelo próprio ministro Chioro de "ato-coletiva", teve uma face política. As quatro primeiras fileiras de cadeiras do auditório do Ministério da Saúde, cerca de 30 lugares, estavam reservadas com a palavra "prefeito" e eram ocupadas pelos próprios prefeitos ou por seus representantes -todos das cidades escolhidas para receberem novos cursos de medicina. Em sua fala, Chioro apresentou dados já divulgados dos investimentos federais em atenção básica -R$ 20 bilhões em 2014 contra R$ 9,7 milhões em 2010- e reapresentou os números finais do Mais Médicos -12.462 profissionais em 3.785 municípios. Por outro lado, atualizou os números de vagas de residência e graduação de medicina abertas em 2014, até o momento. Dois vídeos foram apresentados, durante o evento, ressaltando os pontos positivos do Mais Médicos e colhendo relatos de pacientes satisfeitos com a iniciativa. Inédita, de fato, era a pesquisa de opinião realizada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) com os usuários do programa Mais Médicos. Foram ouvidas 4 mil pessoas em 200 cidades atendidas pelo programa federal. Segundo Chioro, a pesquisa identificou que a população vê os médicos do programa como mais atenciosos e mais capacitados e competentes, mais voltados às áreas rurais e que entende que há mais rapidez no diagnóstico. "A pesquisa mostra que] 95% dos entrevistados estavam muito satisfeitos ou satisfeitos com a atuação dos médicos e 87% deram nota de 8 a 10 para o programa Mais Médicos", destacou o ministro. Chioro citou, ainda, que 74% informaram que o programa era muito melhor que o esperado e que para 86% a qualidade do atendimento é melhor ou muito melhor que anteriormente. Questionado sobre as intenções do governo ao divulgar uma pesquisa de opinião em plena campanha eleitoral, Chioro afirmou que o Mais Médicos é "republicano" e que é "legítimo" apresentar o balanço ao final do primeiro ano do programa. "Talvez seja difícil para muitos admitir que um programa conduzido de forma governamental, mas republicana, possa ter o resultado que o Mais Médicos tem. Está mudando a vida de 50 milhões de habitantes." Chioro se irritou quando questionado, mais de uma vez, sobre as críticas feitas pela população e captadas pela pesquisa da UFMG. "Eu mostro uma pesquisa que tem 87% [de satisfação], 1% ou 2% que é ponto negativo, mas a gente explora...", rebateu Chioro. "Apenas 1% a 2% dos entrevistados se mostraram insatisfeitos com o programa. São queixas restritas basicamente a dois tipos de problema: dificuldade de comunicação, que se mostram pequenas pela quantidade de profissionais estrangeiros do programa, e, em segundo lugar, uma expectativa de encontrar, no posto de saúde, serviços de especialista, que o posto não fornece", disse o ministro. NOVAS ESCOLAS DE MEDICINA Durante o balanço do Mais Médicos, o Ministério da Educação apresentou a lista de 39 cidades aptas a receberem novos cursos de medicina, seguindo uma nova lógica adotada pelo governo para garantir a abertura de cursos onde há necessidade de profissionais médicos e estrutura para receber os cursos. As cidades estão distribuídas em onze Estados: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Outros sete municípios estão com pendências e entrarão em outra seleção. O MEC promete lançar, ainda este mês, uma chamada pública voltada a instituições privadas de ensino superior interessadas em abrir cursos nesses 39 municípios. A pasta diz que pretende finalizar, até o final do ano, o processo de escolha das instituições que abrirão os cursos nestas 39 cidades. De acordo com o ministro Henrique Paim (Educação), no entanto, a abertura efetiva dos cursos pode se estender até 2017, já que é complexa a tarefa de abrir novas escolas e contratar professores. A lista das 39 cidades foi lida durante o evento, o que provocou fortes aplausos entre os prefeitos e seus representantes que participavam do "ato-coletiva".