Um dos mais famosos carnavais de Minas Gerais está sob suspeita. O ex-prefeito de Abaeté, Cláudio Valadares (PSDB), é alvo de uma ação civil pública por “emprestar” nos últimos cinco anos a cidade para um primo organizar o Abaeté Folia. Ao conceder espaços públicos sem licitação, o tucano pode ter incorrido em improbidade administrativa. O Abaeté Folia trata-se de um evento particular e que está em sua oitava edição. Não se tem confirmado o lucro da empresa Alexandre Lucas Pereira – ME, mas especula-se que pode chegar a R$1 milhão, segundo avaliação de moradores. A investigação do MP apontou que o empresário pagou apenas R$ 5 mil à prefeitura para usar o local do evento, valor considerado irrisório pela promotoria de Justiça tendo em vista o retorno financeiro. O evento, que recebe até 7 mil pessoas a cada ano, conta com uma estrutura de cinco ambientes, entre elas uma boate. Shows com artistas nacionais e djs internacionais são contratados para todos os dias de festa, assim como um trio elétrico, segundo consta do site da empresa. Para participar do camarote premium, por exemplo, um folião desembolsa R$ 830 para cinco dias de festa. Os pacotes mais baratos ficam em R$ 180. Relação suspeita Além do parentesco, a relação de amizade entre o ex-prefeito e o empresário é citada na ação como um dos fatores que colocariam em xeque a concessão de espaço público. “Ressalte-se que o proprietário da empresa que explora economicamente o Carnaval, Alexandre, é primo do representando, tendo com o mesmo relação próxima de amizade e afeto”. O empresário não foi arrolado no passivo da ação. Ele também não foi encontrado para comentar o caso. Nos últimos anos, o empresário fez uso de uma praça de esportes para, segundo constatou o MP, “a realização e exploração econômica do Carnaval”. Segundo o MP, o uso da praça deveria ser feito sob concessão a partir de licitação pública. A atitude do ex-prefeito de “emprestar” parte da cidade para o primo gerou dano ao erário, segundo apurou o MP. Isso porque, conforme apurado pelo MP, ele pagou apenas R$5 mil para a festa e, caso tivesse sido realizada a licitação, o valor pago à administração para usar a cidade seria muito maior. Após investigação, a promotoria concluiu que o ex-prefeito agiu com dolo, pois sabia da exigência de licitação nesses casos. “Diante das informações e documentos trazidos aos autos, resta claro que o demandado agiu de maneira dolosa, porquanto sabia que permitia o uso de bem público sem prévia licitação”. O Hoje em Dia não conseguiu contato com Cláudio Valadares. CPI apura "Minha casa, Minha vida" A Câmara dos Vereadores de Abaeté instaurou Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a contratação de uma suposta construtora fantasma para executar o programa “Minha Casa, Minha Vida”, segundo publicou o Hoje em Dia com exclusividade. De acordo com o vereador Marcelo Vargas, a prefeitura revogou o contrato, porém o trabalho da CPI terá continuidade para apurar a conduta da prefeitura.