Aécio critica presidente Dilma e nega ter recuado de impeachment

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia
26/05/2015 às 18:22.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:13
 (Geraldo Magela/Agência Senado)

(Geraldo Magela/Agência Senado)

Em longa entrevista após participar da Marcha dos Prefeitos, em Brasília, o presidente nacional do PSDB e senador, Aécio Neves, declarou que a presidente Dilma Rousseff está “sitiada” e só pode sair do Palácio do Alvorada acompanhada de uma “grande escolta” porque mentiu aos brasileiros durante a campanha eleitoral. Criticado por supostamente ter abandonado a tese de impeachment de Dilma, Aécio negou o recuo e afirmou que irá à sede do Ministério Público Federal (MPF) entregar ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedido de abertura de ação penal contra a presidente.

Sobre a ausência de Dilma na Marcha dos Prefeitos, o tucano declarou: “Temos hoje uma presidente da República sitiada. Uma presidente da República que não pode sair do Palácio do Governo a não ser com uma grande escolta. Uma presidente da República que, infelizmente, não pode olhar nos olhos dos brasileiros, e em especial dos prefeitos brasileiros, porque mentiu. Mentiu durante a campanha eleitoral. Apresentou um conjunto de propostas que sabia que não poderia cumprir”.

Ele negou ter recuado do pedido de impeachment. “Não, de forma alguma. O que existe são vários movimentos, e nós temos que respeitar a todos, e cada um com seu timing, cada um com a sua estratégia. Do ponto de vista dos partidos de oposição, entendemos que essa ação junto à PGR neste momento é aquela que mais efeitos práticos vem a trazer, até porque é um fato notório que não temos ainda na Câmara dos Deputados o ambiente necessário à aprovação de uma proposta de afastamento. Mas não abandonamos a busca de informações”. Segundo Aécio, as denúncias se sucedem.

O senador citou novas delações da operação “Lava Jato” da Polícia Federal, que investiga desvio bilionário de verbas na Petrobras. “Agora mesmo chegam outras relativas ao pagamento de propina de uma empresa da Holanda que já era de conhecimento da Controladoria-Geral da União. E houve ali uma omissão da CGU exatamente para que passasse o processo eleitoral. Existem, nessas novas delações, denúncias que chegam cada vez mais próximas do caixa eleitoral do PT nessas eleições de 2014 e nas eleições de 2010. E, no momento em que acharmos que o conjunto das denúncias e das comprovações seja suficiente, nós poderemos avançar para o impeachment. Neste momento, a nossa responsabilidade orienta, e de forma conjunta todos os partidos da oposição, é entrarmos com essa ação junto à PGR.”

Em relação ao pedido de abertura de ação penal contra a presidente, o senador mineiro argumentou que o PSDB é o signatário da solicitação. “O PSDB é o primeiro signatário dessa ação que mostra que a presidente da República cometeu um crime comum. Os bancos não podem financiar os seus controladores, como aconteceu ao longo de todo o último ano, no início, nos primeiros meses desse ano, como nós alertávamos, inclusive, durante a campanha eleitoral. Estaremos, portanto, na PGR, entrando agora com essa ação, de crime comum, pedindo ao procurador-geral da República que inicie a investigação em relação ao crime cometido pela presidente da República”.

Aécio comentou ainda sobre a proposta do “Distritão”, ponto central da discussão da reforma política. “Estamos agora com a discussão na Câmara dos Deputados, e eu reuni agora os líderes e vice-líderes do meu partido, para manifestar a minha posição, e a posição formal do PSDB contra o 'distritão'. O 'distritão' tem por consequência a fragilização definitiva dos partidos políticos e a individualização do exercício do mandato. Não me parece que uma reforma política que venha com esse nome, de reformar, e reformar para melhorar, possa permitir um retrocesso dessa dimensão. E se não conseguirmos avançar no voto distrital misto, que é a proposta histórica do PSDB, e me parece a mais adequada, devemos centrar os nossos esforços no fim das coligações proporcionais, como já fizemos no Senado. Por si só o fim das coligações proporcionais já leva ao enxugamento desse número, a meu ver, extremamente exagerado de partidos políticos em funcionamento no Brasil”.

Por fim, o tucano classificou de “rudimentar” a medida provisória do ajuste fiscal do governo. “Ele se escora em dois pilares apenas. Um deles é a supressão de direitos trabalhistas, tudo aquilo que a candidata do PT disse que não faria durante a campanha eleitoral. E o outro: aumento de carga tributária, que não resolverá o problema do Brasil. Enquanto o governo federal não der exemplos na sua própria carne, não reorganizar a máquina pública, não racionalizá-la, não diminuir esse número astronômico de ministérios, de cargos em comissão, que hoje são divididos e distribuídos para que a base vote com o governo, o PSDB se coloca contrário à esse ajuste. Até porque não enxergamos nele a capacidade essencial.

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