Em meio ao aumento da repercussão de uma eventual candidatura do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), em 2018, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), fez o de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), aderir neste domingo à transmissão ao vivo pelas redes sociais, prática comum de Doria na internet.
Alckmin apareceu ao vivo no Facebook ao lado de Perillo, um de seus principais aliados fora de São Paulo na articulação para uma candidatura ao Planalto em 2018. Na conversa, Alckmin chegou a brincar quando um internauta o chamou de presidente. "Posso ser vice do Marconi, viu?", afirmou.
A conversa faz parte da série "Papo com o Governador", que é feita por Marconi em Goiás, mas que neste domingo foi transmitida diretamente pela conta de Alckmin no Facebook. Esse formato de interação já é feito pelo prefeito João Doria, que, além dos vídeos diários nas redes sociais, tem o programa semanal "Olho no Olho" no Facebook, em que traz um convidado para uma conversa ao vivo com o público.
Durante a conversa, os dois governadores, que estão na capital paulista, trocaram ideias sobre propostas para o Brasil e defenderam um maior protagonismo dos Estados e interação entre os chefes dos Executivos estaduais. Alckmin contou até que há um grupo de WhatsApp com os 27 governadores brasileiros. "A gente está sintonizado para superar a crise", afirmou.
Durante a transmissão, o governador de São Paulo defendeu reformas para o Brasil sair da crise. Ele disse que é preciso fazer a reforma da Previdência estabelecendo as mesmas regras do setor privado para o setor público. Para ele, é necessário ainda ter política fiscal forte, política monetária que baixe os juros e uma política cambial que deixe o dólar competitivo. Já Marconi disse que a saúde financeira dos Estados depende da reforma previdenciária. "Ou fazemos isso ou muitos Estados brasileiros vão virar Grécia", disse.
Alckmin defendeu ainda uma descentralização da política brasileira, que, segundo ele, atualmente é concentrada em Brasília. "É muito centralizado. Devemos descentralizar, facilitar a vida das pessoas, desburocratizar, chamar a iniciativa privada para participar da atividade econômica", disse.
Os dois se manifestaram favoráveis a programas de privatizações e concessões, citando os recentes leilões de concessão realizados por São Paulo para rodovias e aeroportos e a privatização da Celg, em Goiás. "Traz investimento privado, gera emprego e melhora a infraestrutura. Essa é a agenda positiva", disse Alckmin, sobre as privatizações.
Mudanças na legislação eleitoral também foram defendidas pelos políticos. Alckmin afirmou que é preciso estabelecer uma cláusula de barreira que diminua o número de partidos representados no Congresso e implantar o voto distrital, seja puro ou misto. "Há uma falência no modelo político brasileiro, uma falência completa", disse. Marconi completou dizendo que é favorável ao fim das coligações proporcionais nas eleições.
Estratégia
O governador Marconi Perillo tem intensificado, nos últimos dias, o contato com o governador Geraldo Alckmin e a divulgação do nome do tucano paulista fora de São Paulo, visando a sucessão presidencial. Segundo uma fonte ouvida pelo Broadcast Político, o goiano está intensificando a aproximação com Alckmin, que pretende sair candidato à Presidência da República, para aumentar a divulgação de Goiás no cenário nacional. Perillo considera que, durante os governos petistas, o Estado foi desprezado na distribuição de recursos e é preciso "correr atrás" da demanda represada, disse a fonte.
No bate-papo, Alckmin classificou o goiano como "o grande líder do Brasil central", enquanto Marconi devolveu elogios ao governador paulista falando que Alckmin é uma referência com sua política de austeridade fiscal em São Paulo. "Esse é o ídolo que eu tenho. Um grande brasileiro, um homem corretíssimo, um gestor competentíssimo", declarou o goiano.
No sábado (8), Perillo e Alckmin foram homenageados pelo PHS com a medalha "Mérito Solidarista", concedida pelo partido em comemoração aos 20 anos de fundação da legenda. O PHS, que, como mostrou reportagem do Grupo Estado no ano passado, visa a promover uma "ponte" para Alckmin em Minas Gerais após a eleição de Alexandre Kalil na Prefeitura de Belo Horizonte, promoveu um encontro nacional com a presença dos tucanos no plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Amanhã, Perillo deve se encontrar com o prefeito João Doria, afilhado político de Alckmin e que nos últimos dias tem visto seu nome crescer nas especulações para uma candidatura à sucessão no Palácio dos Bandeirantes e até mesmo ao Planalto. A agenda ainda não está oficializada e deve ser confirmada por Doria no fim do dia de hoje.