Assassinado há 40 anos, família do ex-guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional (ALN), Arnaldo Cardoso Rocha, tem a chance de provar que o rapaz, com 23 anos na época, teria sido vítima da ditadura militar, e não de um tiroteio com a polícia, como sustentado até o momento pelo Exército.
Isso porque o corpo do militante morto em 15 de março de 1973, foi exumado pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, nesta segunda-feira (12), no cemitério Parque da Colina, em Belo Horizonte. É a primeira exumação de corpo de uma provável vítima da ditadura militar em Minas Gerais.
A então esposa de Arnaldo, Iara Xavier Pereira, que também foi integrante da ALN, foi quem fez o pedido de exumação, junto aos pais do ex-militante, ainda vivos. A denúncia foi apresentada à Comissão Nacional da Verdade (CNV) e ao Ministério Público Federal (MPF).
Segundo Iara, após concluída a exumação às 15h30 desta segunda, as esperanças de solução para o caso só aumentaram. "Conforme as condições que estava a ossada, o caixão intacto, estamos com muita expectativa que a gente consiga saber finalmente um pouco mais da circuntância da morte de Arnaldo", disse a viúva que também confirmou ter encontrado cinco projéteis junto ao corpo.
O pedido de exumação foi acatado após descoberto um laudo no IML que um dos tiros teria sido na mão, um indício de um disparo a curta distância e não de uma vítima de tiroteio.
Os restos mortais do ex-guerrilheiro segue para a Polícia Federal de Brasília onde peritos vão analisar se houve indícios de tortura e as lesões sofridas antes da morte de Arnaldo.
“O antropólogo forense, Marco Aurélio Guimarães está coordenando os trabalhos de perícia e confirmou que há boas chances de análise da ossada e que ele tem expectativa de um laudo elucidativo”, afirmou Iara Xavier.