Após condenação, João Paulo Cunha renuncia à candidatura a prefeito de Osasco

Vera Rosa
30/08/2012 às 20:30.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:54
 (Renato Araújo/ABr)

(Renato Araújo/ABr)

Depois de receber nesta quinta-feira (30) mais uma condenação do Supremo Tribunal Federal (STF), desta vez por lavagem de dinheiro, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) renunciou à candidatura a prefeito de Osasco e foi obrigado a aceitar o vice da chapa, Jorge Lapas, como seu substituto. Sofreu uma derrota em seu próprio partido.

Abatido e emocionado, o deputado disse a correligionários, em reuniões ao longo do dia, que foi injustiçado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), vítima do que o PT chama de "farsa" do mensalão, e admitiu não ter condições de levar adiante a candidatura.

Mesmo assim, ele pretendia escolher outro nome para substituí-lo. Avaliava que o também petista Jorge Lapas, ex-secretário municipal de Obras e de Governo, não era conhecido do eleitorado nem tinha densidade política.

Na prática, a resistência de João Paulo a ceder a vaga para Lapas refletiu uma queda de braço com o prefeito Emídio de Souza. Uma briga entre criador e criatura. Emídio assumiu a Prefeitura de Osasco em 2005 - indicado por João Paulo, então presidente da Câmara - e está no segundo mandato.

No ano passado, o prefeito chegou a dizer ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o candidato à sua sucessão deveria ser Jorge Lapas. Alegou que João Paulo era réu no processo do mensalão e que, se condenado pelo Supremo, o PT poderia perder a Prefeitura.

O deputado, porém, não acreditava que a Ação Penal 470 fosse julgada neste ano. Além disso, tinha convicção de que seria absolvido. Por maioria de votos, no entanto, o STF condenou João Paulo por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.

Até mesmo o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos foi consultado sobre quais deveriam ser os próximos passos de João Paulo. "Ele tem que renunciar o mais rápido possível", disse Thomaz Bastos ao telefone, na quarta-feira, numa conversa presenciada pela reportagem.

Na noite desta quinta, aliados do deputado afirmavam que quanto mais ele demorasse para anunciar oficialmente a desistência do páreo, mais seria responsabilizado pelos prejuízos à campanha petista em Osasco, que já estava fragilizada mesmo antes da condenação. João Paulo estava em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto e sua rejeição aumentou depois do veredicto do Supremo. Petistas temem perder a Prefeitura de Osasco para Celso Giglio (PSDB), que lidera os levantamentos eleitorais.
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