Deputado estadual reeleito quatro vezes, sempre pelo PSDB, o presidente da Assembleia Legislativa de Minas, Dinis Pinheiro, trocou de partido no dia 3 de outubro deste ano, mas se mantém fiel à antiga legenda. Ele deixa isso claro na entrevista exclusiva publicada nesta segunda-feira pelo Hoje em Dia, não poupando críticas ao governo federal.
O PP, novo partido de Dinis, faz parte da base de apoio do governo Dilma Rousseff, no qual controla o Ministério das Cidades. Um irmão mais velho, Toninho Pinheiro, é deputado federal, eleito pelo PP mineiro. Dinis diz ter ouvido do irmão o conselho para trocar de partido. Mas foi convencido pelo vice-governador Alberto Pinto Coelho, do PP, que deve assumir o governo no ano que vem, em consequência da desincompatibilização do governador Antonio Anastasia, do PSDB.
Dinis afirma na entrevista que está à disposição do PSDB para disputar algum cargo em 2014, e que se sentiria honrado, se convidado a ser candidato a vice-governador na chapa tucana. “Estou nesse grupo político e estou à disposição”, frisou. No entanto, não se declara candidato. “Estou deixando a vida me levar.”
Enquanto isso, o deputado estadual mais bem votado nas duas últimas eleições, pelo PSDB, procura dar um rumo ao seu novo partido. Afirma que, se depender do esforço e energia do PP de Minas, a Executiva Nacional encontrará “o caminho do juízo, da alegria, da gestão”. Ou seja, deixará a base do governo Dilma e apoiará no ano que vem a candidatura de Aécio Neves à Presidência da República.
O presidente da Assembleia Legislativa pode até se frustrar em nível federal, mas tem certeza de que, em Minas, o PP não deixará a base de apoio ao governo estadual. E quer que Anastasia seja o candidato ao senado pelo PSDB.
No cargo que ocupa hoje, Dinis Pinheiro cuidou da imagem do Legislativo, que estabeleceu o voto secreto, acabou com o pagamento das sessões extraordinárias, do 14º e 15º salários dos deputados, da contratação de vereadores como assessor legislativo, do pagamento de combustível para helicóptero e avião de parlamentar... E anunciou para amanhã o encaminhamento ao plenário do Projeto de Resolução que acaba com o auxílio-moradia para deputados que residem na região metropolitana de Belo Horizonte.
Dinis se orgulha de ter comprado uma boa briga, “até porque a família da minha esposa é do setor de transporte”, com criação do passe-livre para os idosos. “Fiz uma reunião grande há uns 30 dias e posso falar com tranquilidade que, a partir de janeiro, eles vão ter a gratuidade”, anuncia.
Outra briga, da qual não se furta, é contra a presidente Dilma. “O (programa) Mais Médicos é pouco e o povo vai voltar às ruas”, profetiza. E eleva o tom: “Temos que acabar com o Estado centralizador, egoísta, unitário. A Federação não existe, é uma mentira.”