Avanço do Impeachment pode mudar o arco de alianças na eleição municipal

Pleito será pulverizado com pelo menos 12 pré-candidaturas lançadas até o momento

Ezequiel Fagundes
erios@hojeemdia.com.br
24/04/2016 às 16:26.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:05

O apoio do PSD a um eventual governo do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) envolve costuras para as eleições em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Nos três casos, e ainda em outros pelo interior do país, o PMDB pode mudar o arco de alianças, alijando os petistas das coligações.

Muda a Presidência da República, mudam as alianças regionais. Pelo menos é o que atestam aliados do vice-presidente Michel Temer, envolvidos nas articulações pelo impedimento da presidente Dilma Rousseff, e, por consequência, nos arranjos para a disputa eleitoral deste ano.

No caso da capital mineira, a disputa pode colocar no mesmo barco os grupos políticos de Temer, do senador Aécio Neves (PSDB) e do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD.

Com o desembarque da sigla do governo da presidente Dilma Rousseff (PT), alvo de impeachment, Kassab deixou o Ministério das Cidades e intensificou as negociações mirando as eleições municipais.

Como o PMDB não possui um nome de peso para disputar a prefeitura de BH, mesma situação dos tucanos, os dois partidos podem se unir em torno da pré-candidatura do vice-prefeito Délio Malheiros.

Apoio do PSD a eventual governo Michel Temer envolve costuras para as eleições em Belo Horizonte, São Paulo e Rio

“Na política não existe nada impossível. O Délio é respeitado e tem bom trânsito em praticamente todos os partidos. E foi um vice bastante leal. Somos a favor de todos que queiram somar para o nosso projeto. Não descartamos a possibilidade de compor com o PSD”, explicou, entusiasmado, um parlamentar da cúpula do PMDB.

Recém-filiado ao PSD, Délio tem ainda a simpatia do prefeito Marcio Lacerda, presidente estadual do PSB.

Em São Paulo, o pré-candidato do partido é o vereador Andrea Matarazzo, ex-PSDB, adversário do governador Geraldo Alckimin (PSDB) e ligado ao grupo político de Aécio.

No Rio de Janeiro, a ideia é fechar uma aliança entre o PSD e o PMDB em torno do candidato Índio da Costa (PSD), deputado federal.

Como o impeachment de Dilma não foi sacramentado, as conversas ainda estão incipientes. O plano em torno de Délio, considerado uma terceira via, pode sair do papel tendo em vista que, hoje, a reedição da dobradinha entre PSDB e PSB corre o sério risco de não vingar.

Isso porque Lacerda não aceita o nome do deputado estadual João Leite, pré-candidato escolhido pelo PSDB municipal. Por duas vezes, Leite foi preterido pelo prefeito para ser titular das pastas de Obras e Políticas Sociais.

Além disso, Lacerda, com base em pesquisas, tem sustentado que a candidatura do deputado tucano larga bem, porém, falta competitividade para chegar até o fim.

Sem consenso com os tucanos, o prefeito mantém firme sua convicção de lançar Paulo Brant, presidente da Cenibra, ou Josué Valadão, secretário de Obras. Atualmente, o nome de Brant é o preferido dele.

Já o PSDB e partidos aliados, isso inclui PP, PPS, DEM, PTB, não aceitam os candidatos com perfil técnico propostos pelo prefeito.

A justificativa é a de que, devido ao curto espaço de tempo desta campanha, a estratégia correta é lançar um nome conhecido do eleitorado belo-horizontino. “O Délio está numa posição confortável e é clara a chance de crescimento do leque de aliados devido à questão nacional”, argumentou outro deputado.

Pleito será pulverizado com pelo menos 12 pré-candidaturas lançadas até o momento

A cinco meses das eleições, 12 pré-candidatos estão colocados na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte, que deverá ser pulverizada. 
Com a imagem do partido abalada, o PT não vai lançar candidatura, já que os nomes de peso da legenda, como o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, e do secretário de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior, Miguel Corrêa Júnior, não toparam participar do pleito.

Até o momento, o nome ventilado pelo partido é o do deputado estadual Rogério Correia (PT). 

O deputado federal Reginaldo Lopes (PT) também já foi lembrado, mas parece ter perdido força nos últimos dias. 

Com a simpatia do Palácio da Liberdade, foram lançadas as pré-candidaturas dos deputados federais Eros Biondini (PROS) e Marcelo Álvaro Antônio (PMB), além do deputado estadual Paulo Lamac (REDE). 

Na mesma esfera política, orbita a pré-candidatura do ex-secretário de Esportes, deputado estadual Mário Henrique Caixa (PV).

Noiva cobiçada pelo PT e PSDB, o PMDB é uma incógnita, especialmente após o crescimento da expectativa de poder do vice-presidente Michel Temer.

Atualmente, o partido tem dois nomes colocados. Dos deputados federais Leonardo Quintão e Rodrigo Pacheco, sendo que o último seria o preferido do vice-governador Antônio Andrade, presidente estadual da legenda.

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