(L. Adolfo/Estadão Conteúdo/Arquivo)
A base aliada da presidente Dilma Rousseff (PT) vai dar palanque para seu principal adversário, o senador Aécio Neves (PSDB), em pelo menos dez estados. O PMDB do vice-presidente Michel Temer é o recordista na “distribuição de apoios”. Depois vem o PP, que em Minas Gerais e Santa Catarina fecharam com o tucano. O caso mais polêmico é o do Rio, onde o PMDB local resolveu abrir o palanque para o candidato tucano à Presidência criando o movimento “Aezão”, em referência ao candidato ao governo Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o tucano. O almoço de adesão à coligação reuniu 58 prefeitos e 54 deputados federais e estaduais, a maioria do PMDB. Mesmo com Pezão anunciando que pessoalmente fará campanha para Dilma, a maior parte do PMDB vai trabalhar pelo tucano. Candidato ao governo pelo PT, o senador Lindbergh Farias classificou o movimento como o da “velha política”. Até o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves (PMDB-RN), conta com o PSDB e o DEM em sua aliança, que reúne 19 partidos no Rio Grande do Norte. Sua candidata ao Senado é Wilma de Faria, filiada ao PSB do também presidenciável Eduardo Campos. Já o PT ficou sem candidato e optou por fazer parte da aliança do candidato do PSD, Robinson Faria. O PT nega que as “perdas das bases” possa prejudicar Dilma e minimiza a debandada. “Os estados têm lógica própria. Eles também sofrem deste mesmo sintoma. Em Minas, por exemplo, existe dissidência da base deles. Além disso, partidos que antes os apoiavam estão conosco”, afirma o deputado federal Miguel Correa, um dos coordenadores da campanha do PT em Minas. Para o presidente do PSDB de Minas, deputado Marcus Pestana, Aécio conseguiu garantir a unidade do partido, consolidar alianças e ainda pode contar com dissidências em partidos da base do PT. “Posso citar o PMDB que no Rio de Janeiro, na Bahia, Ceará e Piauí já declararam apoio ao PSDB, e no Rio Grande do Sul o PP”. Alianças seguem a conveniência do poder O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), reagiu ao acordo entre PMDB, PSDB e DEM no Rio com uma definição que ganhou o país: “Isso é um bacanal eleitoral”. Logo depois do anúncio, ele retirou seu nome da candidatura ao Senado. Mas o que leva os partidos a promover essa “salada partidária”? Oficialmente, fala-se em tradições regionais, mas por trás está o ouro de uma campanha: tempo de televisão. As alianças são formadas com o objetivo de agregar tempo de exposição dos candidatos. Em segundo lugar, os palanques viabilizam as candidaturas dos presidenciáveis nos estados ajudando a capilarizar o candidato. O poder da televisão, segundo o cientista político Paulo Roberto Figueira vem da “ligação direta” entre eleitor e candidato promovido por esse meio. “Cerca de 98% da população tem acesso à televisão aberta. Trata-se de uma ligação direta que dispensa a mediação”.