ELEIÇÕES 2022

Bolsonaro acusa Bonner de fake news, fala bem da economia e minimiza desmatamento

Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
23/08/2022 às 08:34.
Atualizado em 23/08/2022 às 08:35
Jair Bolsonaro abriu a série de sabatinas promovidas pelo Jornal Nacional, da TV Globo (Reprodução Globoplay)

Jair Bolsonaro abriu a série de sabatinas promovidas pelo Jornal Nacional, da TV Globo (Reprodução Globoplay)

"O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo Partido Liberal (PL), abriu a série de sabatinas promovidas pelo Jornal Nacional, da TV Globo, nesta segunda-feira (22). 

Crítico compulsivo e arqui-inimigo declarado da emissora, muitas vezes Bolsonaro comportou-se de forma reativa e interrompendo os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos na bancada do telejornal de maior audiência no país. 

Durante os 40 minutos de entrevista sem cortes, Bolsonaro chegou a dizer frases como “você está dizendo uma fake news” ou “você está me obrigando a ser ditador” antes de responder algumas das perguntas feitas por Bonner. 

Vale lembrar que a Globo chegou a anunciar que o presidente seria o único entre os principais candidatos à Presidência da República que não seria entrevistado pelo "JN", depois que ele fez uma série de exigências que foram recusadas pela TV Globo, como ir ao estúdios no Rio de Janeiro. Bolsonaro cedeu e foi.

Temas sensíveis como o combate à pandemia, a disseminação de fake news e os números alarmantes do desmatamento na Amazônia entraram na pauta. 

Ataques a ministros 

Questionado sobre ataques do presidente a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro respondeu a Bonner que “isso é fake news (notícia falsa) da sua parte. Você não está falando a verdade”, disse. 

Em seguida, no entanto, o jornalista questionou Bolsonaro sobre declarações feitas contra o ministro Alexandre de Moraes, chamado de "canalha" por Bolsonaro. Bolsonaro admitiu então que “foi um ministro especifico”. 

Relacionamento com o Centrão

Os apresentadores também questionaram oatual presidente sobre sua relação estreita com o Centrão, alvo de críticas do próprio Bolsonaro nas eleições de 2018. 

“Em 2018, o senhor se elegeu com um discurso antipolítica e contra o Centrão. Hoje, a verdade é que o Centrão é a base do seu governo. Para aqueles eleitores que se sentiram traídos com tal postura, por que eles deveriam confiar em você neste ano?”, perguntou Bonner.  

Em resposta, Bolsonaro disparou: “você está me estimulando a ser ditador. São 513 deputados, sendo 300 do Centro. Os 200 que sobram são, em sua maioria, de partidos de esquerda como PT e PSOL e não dá pra conversar com eles”, falou. 

Ataques à democracia

Bolsonaro também foi questionado sobre estimular os eleitores a atacarem a democracia.

"O senhor diz que defende a liberdade. Mas, algumas manifestações de seus eleitores parecem não ter a mesma percepção, uma vez que defendem o fechamento do Congresso Nacional, do Superior Tribunal Federal (STF) e incentivo ao golpe militar", perguntou o apresentador.

Bolsonaro respondeu que "essas manifestações fazem parte da democracia. Não vejo nada demais nisso. O AI-5 (Ato Institucional 5 lançado em 1968) nem existe mais. Punir alguém por levantar uma faixa defendo isso não leva a lugar nenhum. Eu não posso defender o fechamento do Congresso, mas meus eleitores podem defender isso se quiserem", disse.

Dematamento e queimadas

Na pauta de meio-ambiente, o presidente foi questionado pela jornalista Renata Vasconcellos sobre o aumento do desmatamento ambiental durante seu governo.e afirmou que "incêndios são comuns". Ele citou as recentes ondas de chamas na Europa e os históricos incêndios na Califórnia, nos Estados Unidos. 

“Por que não se fala da França, de Portugal, da Espanha? Califórnia pega fogo todo ano. No Brasil não é diferente”, afirmou. A jornalista, no entanto, ponderou que incêndios por causas naturais diferem de desmatamento. 

Vale lembrar que o então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles chegou a defender em uma reunião que o governo devia aproveitar a atenção da imprensa para a pandemia para “passar a boiada” na desregulamentação de leis ambientais. 

Bolsonaro também disse que, se eleito, tentará “mudar a imagem” do Brasil como país desmatador, mas opinou: “Não é isso tudo que falam”. 

Respeito às urnas 

Perguntado se vai respeitar as eleições e estimular os eleitores a fazerem o mesmo, Bolsonaro respondeu que "se as eleições forem limpas, com certeza vou respeitar".

Bonner reforçou a pergunta, dizendo que "já está provado que as eleições são limpas e as urnas são auditáveis". O apresentador finalizou essa parte da entrevista afirmando que "o presidente assumiu um compromisso diante de milhões de pessoas de que respeitará o resultado das urnas em 2022".

Pandemia 

O presidente também foi questionado sobre sua condução da pandemia de covid-19, que inclusive levou a uma série de investigações, com uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado. 

O presidente “garantiu que o Brasil teve atuação de destaque no enfrentamento à pandemia de Covid-19, embora tenha registrado mais de 680 mil mortes pela doença” 

Segundo Bolsonaro, “mais pessoas se infectaram com Covid-19 em casa do que nas ruas”, disse sem apresentar dados para tal afirmação. O presidente também afirmou que as medidas restritivas penalizaram a economia. 

Sobre as vacinas contra a Covid-19, Bolsonaro garantiu ter feito o que estava a seu alcance para comparar os imunizantes. Questionado sobre a demora para firmar acordo com a farmacêutica norte-americana Pfizer, o candidato disse que a empresa não havia se “responsabilizado por efeitos colaterais”, e que por isso não fechou contrato. 

Corrupção no Ministério da Educação 

Questionado sobre as trocas de ministros na Educação, Bolsonaro afirmou que “as pessoas se revelam quando chegam” e usou uma analogia. “É igual casamento”, disse.  

O presidente também admitiu que “o ideal era não ter rotatividade nenhuma”, mas classificou as trocas como situações comuns. “Outros ministros foram trocados”, declarou. 

Em três anos de gestão de Bolsonaro, cinco nomes estiveram à frente do Ministério da Educação: Milton Ribeiro, Ricardo Vélez Rodriguez, Abraham Weintraub, Carlos Alberto Decotelli e atualmente a pasta é gerida por Victor Godoy Veiga.

As saídas dos ministros, no entanto, foram polêmicas. Acusações de corrupção, de favorecimento de pastores, fraude em currículo e falhas na correção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), na Gestão de Weintraub. Nomeado, Decotelli sequer chegou a tomar posse, após incoerências no seu currículo profissional. 

Milton Ribeiro deixou o cargo em meio a denúncias de que dois pastores atuavam como lobistas e pediam propina a prefeitos para desviar recursos da educação. 

Economia 

Bolsonaro também afirmou que, se reeleito, vai manter a mesma política econômica no país. O candidato não explicou quais medidas vai tomar. 

“Os planos para a economia foram frustrados pela pandemia,  pela seca e pelo conflito entre Ucrânia e Rússia. Fui à Russia para negociar a compra de fertilizantes com o presidente Putin e garantir a segurança alimentar do país no segundo semestre”, disse aos apresentadores. 

O candidato também afirmou que o desemprego caiu e que foram criadas três milhões de vagas no país. “O desempenho da equipe econômica foi fantástico”, citou.

O candidato disse ainda que as reformas implantadas em 2019 fizeram o país suportar 2020 e 2021. E atribuiu tudo isso à "competência da equipe econômica".

Panelas e protestos 

Durante a entrevista, moradores de alguns bairros da capital, como Castelo, na região da Pampulha, e Barro Preto, na região Centro-Sul, protestaram com um panelaço. Além de bater panelas, muitos gritavam palavras de ordem como "Fora Bolsonaro".

  

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