PF encontrou um áudio com uma conversa entre Bolsonaro, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno e o ex-diretor da ABin (José Cruz/Agência Brasil)
O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (20) que não há nenhum problema entre os governos do Brasil e da China e que pode entrar em contato com o governo chinês para pedir auxílio no combate à pandemia de Covid-19.
“A questão do vírus lá, que a curva [de novos casos] está em descendência, os hospitais estão sendo desativados. O que foi utilizado para chegar a esse ponto, se houver necessidade, vou ligar para o presidente Xi Jinping [para perguntar]. Faz parte do meu ofício tomar uma atitude como essa”, disse Bolsonaro.
O governo do Distrito Federal informou nesta sexta-feira que solicitou auxílio da China, “de qualquer natureza”, para o combate do novo coronavírus na capital, como doação de suprimentos e equipamentos médicos, assim como indicações de empresas que possam colaborar na contenção da pandemia.
De acordo com Bolsonaro, os governos dos estados têm essa liberdade, e o governo federal está fazendo o mesmo. “Nós mesmos estamos fazendo contato com a China porque eles estão agora com material excedente lá”, disse. Segundo o presidente, a empresa Vale também está comprando suprimentos do país asiático para doar ao governo brasileiro e pediu ajuda para o desembaraço alfandegário.
Ao deixar o Palácio da Alvorada nesta manhã, o presidente foi questionado sobre a publicação de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), responsabilizando o governo chinês pela pandemia de coronavírus. Em resposta, a Embaixada da China no Brasil disse que a postagem prejudica “a boa imagem do Brasil no coração do povo chinês”.
Hoje, o presidente Bolsonaro ressaltou que não quer “criar clima” com o governo chinês e que o comércio entre os dois países se mantém. “O que o parlamentar veio a escrever ou não [não importa]. Eles vivem criticando o governo americano por minha causa e ninguém fala nada”, disse.
Medidas extremas
O presidente também afirmou hoje (20) que algumas medidas adotadas pelos governo estaduais contra a disseminação do coronavírus são “extremas”, como fechamento de aeroportos e do comércio. Para ele, o Poder Púbico tem que evitar que a curva de disseminação do vírus seja muito acentuada, mas os governos têm que tomar decisões equilibradas para que outros problemas não apareçam.
“Não podemos entrar na situação do pânico que piora a situação no Brasil. Tenho que falar a verdade e transmitir tranquilidade ao povo brasileiro. Tem certos governadores que estão tomando medida extremas que não compete a eles, fechar aeroporto, rodovias, fechar shopping, feiras. O comércio para, e o pessoal não tem o que comer", disse. "E uma pessoa com a alimentação deficitária é mais propensa a pegar o vírus e levar a óbito”, argumentou.
Para Bolsonaro, é preciso conscientizar a população que pode se manter em casa, mas não é possível impedir o direito de ir e vir. “Não podemos levar para o extremismo. Pessoas estão preocupadas em casa e não tem como vender uma mariola no sinal porque o trânsito diminuiu, o pessoal da informalidade está em casa, vai faltar alimento para eles”, disse, falando sobre o voucher criado pelo governo para os trabalhadores informais.