(Delamonica)
A caixa-preta do jato Citation não registrou a conversa dos dois pilotos no voo que caiu em Santos e matou o presidenciável Eduardo Campos, disse a Aeronáutica nesta sexta-feira (15). Campos e outras seis pessoas -quatro assessores dele e os dois pilotos- morreram num acidente aéreo na última quarta-feira (13).
A Aeronáutica, responsável pela investigação, informou ainda não saber a razão pela qual isso aconteceu. Apesar do trabalho de desmontagem da caixa de áudio ter sido finalizado com sucesso e a memória recuperada na íntegra, a conversa gravada é de outra data, ainda não definida.
"As duas horas de áudio, capacidade máxima de gravação do equipamento, obtidas e validadas pelos técnicos certificados, não correspondem ao voo realizado no dia 13 de agosto", disse em nota o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).
Sem essa informação, uma parte essencial para a investigação, a conversa dos pilotos, não será recuperada. O jato Citation já não tinha outro elemento importante para reconstituir os últimos momentos da viagem entre Santos Dumont e a base aérea de Santos -o gravador de dados de voo.
A Aeronáutica disse "que os dados obtidos no gravador de voz representam apenas um dos elementos levados em consideração durante o processo de investigação, não sendo imprescindíveis para a identificação dos possíveis fatores contribuintes".
ACIDENTE
O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Henrique Accioly Campos, 49, morreu na quarta (13) em acidente aéreo em Santos, litoral paulista, onde cumpriria agenda de campanha. O jato Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA, partira do Rio e caiu em área residencial.
Dois pilotos e quatro assessores também morreram, e sete pessoas em solo ficaram feridas. Os restos mortais removidos do local do acidente chegaram na noite de quarta-feira na unidade do IML (Instituto Médico Legal) na rua Teodoro Sampaio, no bairro Pinheiros, em São Paulo. A Aeronáutica investiga a queda.
Governador de Pernambuco por dois mandatos, ministro na gestão Lula, presidente do PSB e ex-deputado federal, Campos estava em terceiro lugar na corrida ao Planalto, com 8% no Datafolha. Conciliador, era considerado um expoente da nova geração da política.
O PSB tem dez dias para anunciar eventual substituição do candidato. Adversários na disputa, PT e PSDB já se preparam para enfrentar Marina Silva, a vice de Campos. Candidata à reeleição, a presidente Dilma Rousseff (PT) decretou luto oficial de três dias e afirmou que o acidente "tirou a vida de um jovem político promissor". Também presidenciável, Aécio Neves (PSDB) disse ter perdido um amigo.
Marina declarou que guardará dele a imagem de "alegria" e "sonhos". Campos morreu num 13 de agosto, mesmo dia da morte do avô, o também ex-governador Miguel Arraes (1916-2005). Campos deixa mulher, Renata Campos, e cinco filhos, o mais novo nascido em janeiro. "Não estava no script", disse Renata.