Candidatos fazem o último debate nesta sexta, na TV ‘Globo’

Amália Goulart e Aline Louise - Hoje em Dia
24/10/2014 às 07:39.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:44
 (Michel Schincariol - 17/10/2014)

(Michel Schincariol - 17/10/2014)

Nesta sexta-feira (24), o Brasil terá a oportunidade de assistir ao último confronto entre os candidatos à Presidência da República, senador Aécio Neves (PSDB) e a presidente Dilma Rousseff (PT). A expectativa nos comitês e campanha é grande bem como existe o consenso de que o desempenho dos rivais terá papel essencial na reta final da eleição. O confronto será mostrado na “Rede Globo” por volta de 22h30.

Como, nas últimas pesquisas de intenção de voto divulgadas a presidente Dilma está numericamente à frente, nos bastidores das duas campanhas já é possível auferir as estratégias. Dilma não deve ir ao ataque, a menos que provocada.

“A presidenta Dilma está serena para um debate propositivo, como deve ser. Mas respondera qualquer pergunta do senador. Ela está preparada”, confirmou o deputado federal Miguel Corrêa Júnior (PT).

Já Aécio Neves deve manter o tom crítico.

“Não terá nada de diferente dos outros. É aquele formato de arena americana”, afirmou o presidente do PSDB mineiro, deputado federal Marcus Pestana.

Serão quatro blocos, sendo que em dois deles haverá confronto direto entre os adversários. Eles poderão fazer perguntas um ao outro. São nestas ocasiões que costumam acontecer os embates mais duros. O debate também trará perguntas de eleitores indecisos e as manifestações finais ao eleitor de Dilma e Aécio.

Para o cientista político, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Paulo Roberto Figueira, o tom do debate desta sexta depende do resultado das pesquisas eleitorais de última hora. “Em um cenário em que um candidato abra vantagem na frente do outro, quem tem folga tem postura mais reservada, já quem está atrás tende a assumir uma postura mais ofensiva. Certamente mais que uma definição de antemão, o tipo de postura decorre de uma avaliação da conjuntura e cenário”, diz.

Segundo ele, quanto menor o número de indecisos, mais os candidatos precisam trabalhar para crescer tirando votos do outro.

Conforme o professor, em um cenário com alto grau de imprevisibilidade, como o posto neste segundo turno, o debate se torna mais relevante. “Em cenários de muita indefinição, de impossibilidade de afirmar quem está à frente e quem está atrás, qualquer elemento pode alterar, inclusive o debate. Se a disputa estivesse encaminhada, com um favorito claro, talvez o debate não fosse tão relevante a ponto de mudar essa trajetória”, comenta.

Figueira ainda lembra que esta eleição é a mais acirrada da história recente do país, inclusive entre os eleitores. “Isso é fruto da indecisão, da falta de um favorito claro. Nas ultimas eleições a essa altura os favoritos já tinham uma vantagem confortável. Essa indefinição faz com que o eleitor entenda que pode conseguir votos para seu candidato e, portanto, assumir uma postura mais agressiva”.

Acirramento da disputa entre PT e PSDB despertou militância política

O acirramento da disputa eleitoral reativou a militância partidária e os movimentos de rua em prol dos candidatos. Sem a presença dos cabeça de chapas os manifestos de apoio em formato de comício ou caminhada ganharam corpo neste segundo turno.

O PSDB lançou o “vem pra rua”. Anteontem, cerca de 10 mil pessoas se reuniram em São Paulo pela candidatura presidencial do senador Aécio Neves. Até mesmo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) compareceu. “Conseguimos criar um ambiente favorável de mobilização”, explicou o deputado federal e presidente do PSDB mineiro, Marcus Pestana.

Os tucanos acreditam que o evento, que se repetiu em outras sete cidades, surtiu efeito positivo. Por isso, irão expandi-lo para o último dia de campanha. Neste sábado (25) já existem manifestações de apoio marcadas para São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Teresina (PI), Recife (PE) e Florianópolis (SC).

Em Belo Horizonte, os aliados da presidente Dilma Rousseff (PT) fizeram, anteontem, o “rolezinho pró Dilma”. Um grupo de pessoas foi à Praça da Rodoviária manifestar apoio à petista. Mas o grande trunfo dos petistas é a militância. Em cidades como São Paulo, por exemplo, os militantes vão de porta em porta, em aglomerados, por exemplo, pedindo votos.

Conforme o deputado federal Gabriel Guimarães (PT), não dá para quantificar os atos em apoio à reeleição da presidente Dilma, por serem “muitas e espontâneas”.

“Todo dia a gente tem notícia de algum, em BH ou pelo interior. Tem coisa da nossa militância, que é muito atuante, e tem de simpatizantes da campanha também, que organizam de bicicletaço a protesto”, afirmou.

Lideranças da legendas também percorrem os Estados pedindo votos. Os governadores eleitos foram escalados para garantir vantagem em suas respectivas bases. Nessa quinta-feira (23), por exemplo, Fernando Pimentel (PT), governador eleito de Minas Gerais, esteve em Ipatinga, no Vale do Aço.

Debates tiveram ataques pessoais

Dos três debates realizados no segundo turno das eleições presidenciais, dois foram marcados pelo denuncismo e troca de acusações. Nos embates realizados pela Band e SBT/Alterosa, o senador Aécio Neves (PSDB) e a presidente Dilma Rousseff (PT) trocaram até mesmo acusações envolvendo a família. No confronto do SBT, Dilma chegou a passar mal ao vivo, após o debate, durante entrevista à emissora.

Apenas no enfrentamento da Record o tom foi propositivo. Mesmo assim, o tom áspero permeou a discussão. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já avisou às campanhas que poderá até conceder direito de resposta neste sábado, caso as ofensas voltem a ocorrer.

(Com Patrícia Scofield) 

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