O deputado federal Carlos Marun (PMBD-MS) foi escolhido nesta terça-feira, 12, como relator principal da CPI mista da JBS. A escolha acontece após pressão do governo para que a relatoria da comissão ficasse com alguém alinhado ao Planalto.
Marun foi um dos mais fiéis aliados do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso no Rio, e faz parte da tropa de choque do presidente Michel Temer. O deputado teve entre seus doadores de campanha a própria empresa alvo da CPI mista. Ele recebeu, por meio de repasses de outros candidatos, R$ 103 mil em 2014.
O presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), ainda decidiu criar duas
sub-relatorias na CPI para tentar acomodar os descontentes com a indicação. A primeira ficará com o deputado Delegado Francischini (SD-PR) e será responsável por investigar os contratos de empréstimos da empresa com o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) e tratará dos acordo de delação premiada e leniência firmados pela empresa.
Já a segunda sub-relatoria ficará a cargo do deputado Hugo Leal (PSB-RJ), que tratará de temas como as dívidas fiscais, previdenciárias e agropecuárias da empresa. Antes mesmo da confirmação, a escolha de Marun para relatar a comissão já era alvo de protestos.
"Se for o Marun, não vamos aceitar de jeito nenhum. Vai começar uma CPI chapa branca?", questionou o deputado João Gualberto (PSDB-BA), que ameaça deixar a comissão caso a escolha se confirme. "A CPI já começaria em pizza, seria um desrespeito sem tamanho. Marun é ligadíssimo a Eduardo Cunha. Não pode isso."
O deputado Rocha (PSDB-AC), suplente de seu partido da CPI, reforçou a insatisfação. "Corre-se o risco daqueles que querem apuração séria entregarem seus postos para não participarem dessa farsa. Eu ficaria desconfortável, não pelo Marun em si, mas pelo que ele representa. Ele foi da tropa de choque do Eduardo Cunha, do Temer. Temos que buscar alguém que tem compromisso com algo maior: o esclarecimentos desses fatos todos".
A CPI da JBS deve votar na tarde desta terça-feira a convocação de nomes envolvidos na polêmica delação, como o empresário Joesley Batista, o ex-procurador Marcello Miller e convite ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
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