(Wilson Dias/Agência Brasil)
O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró isentou mais uma vez, em depoimento à CPI mista da estatal nesta quarta-feira (10), a presidente Dilma Rousseff de responsabilidade na controversa compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA).
Cerveró saiu ainda em defesa da operação, rebatendo declarações do colega de diretoria Paulo Roberto Costa que, em delação premiada, segundo a revista Veja, disse que houve desvio de recursos da refinaria para abastecer um esquema de pagamento de propina a políticos.
No depoimento, Cerveró foi instigado pela oposição a atacar a presidente Dilma Rousseff e avalizar declarações de Costa. Mas resistiu. Ele repetiu o discurso de que a omissão de cláusulas contratuais na compra da primeira metade de Pasadena não foi fundamental para se fechar o negócio em 2006.
Em nota encaminhada ao Estado em março, Dilma, presidente do Conselho de Administração da estatal na época da operação, disse que não aprovaria a transação se tivesse tido acesso às cláusulas omitidas pelo ex-diretor.
O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou um prejuízo financeiro de US$ 792 milhões com a compra de Pasadena e, em julho, determinou o bloqueio de bens de Cerveró e outros integrantes da diretoria executiva da época. O TCU livrou a presidente e membros do conselho de administração do bloqueio.
O ex-diretor afirmou que a responsabilidade pela operação é do conselho e não da diretoria executiva. Ele disse que a transferência dos seus bens não teve "nada a ver" com o processo de Pasadena e que, ao doar três imóveis três meses atrás, decidiu antecipar a herança aos filhos.
Para Cerveró, o TCU se "equivocou" ao basear o tamanho do prejuízo de Pasadena baseado nos preços de apenas um dos 27 cenários de preços estimados pela Petrobras para a refinaria. "Não concordo com nenhum dos prejuízos indicados pelo TCU em Pasadena", pontuou.
Ao destacar que "nunca ouviu falar em organização criminosa" na estatal, conforme relatório da Polícia Federal, o ex-diretor insistiu que a compra da Pasadena, na época, foi um bom negócio para a estatal e que o cenário atual para a refinaria é "altamente favorável nos próximos anos".
Ele disse que aceita passar por uma acareação com Paulo Roberto Costa e disse que não teme os depoimentos do ex-colega de diretoria à PF. "Não tenho porque ficar preocupado com a delação do Paulo. Não tenho esse problema", declarou. Ele também admitiu que foi chamado pela estatal para passar por um treinamento antes de depor no Congresso Nacional.
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