(FLÁVIO TAVARES)
O clima ferveu no debate entre os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, realizado pela Rede TV, na noite desta sexta-feira (16), no Hotel Ouro Minas. Faltando pouco mais de duas semanas para as eleições, os ataques entre os que disputam o comando da capital mineira começaram ainda nas apresentações.
Lavagem de dinheiro, incompetência, descontrole emocional e dívida milionária com a própria PBH, como mostrou com exclusividade o Hoje em Dia ao denunciar a inadimplência de Alexandre Kalil (PHS) com o IPTU da cidade, foram algumas das acusações trocadas entre os candidatos.
Os confrontos diretos inflamaram os militantes dos partidos, que acompanhavam o debate na plateia. Em determinado momento, a segurança foi acionada e os mais exaltados ameaçados de expulsão. O embate entre os políticos foi assunto mais comentado no Twitter em Belo Horizonte, com a hashtag #DebateRedeTV.
CORRUPÇÃO E DESCONTROLE
Na fase de apresentações, Luís Tibé (PTdoB) deu o tom da noite. Para ele, João Leite (PSDB) era adepto da "velha política", marcada por corrupções, e que Belo Horizonte corria o risco de "descontrole" se caísse nas mãos de Kalil. "Belo Horizonte não tem apenas dois candidatos", ressaltou.
Segundo pesquisa Ibope realizada nesta semana, o tucano venceria o primeiro turno com 33% dos votos e Kalil ficaria em segundo, com 22%.
LUXO x DÍVIDAS
Na fase seguinte, cada candidato fez uma pergunta e respondeu a outra. Sargento Rodrigues (PDT) afirmou que BH está quebrada e questionou o ex-presidente do Atlético sobre a dívida com o município. "Com qual argumento você pretende cobrar da população se tem carro de R$ 200 mil e dinheiro no banco e não paga IPTU?", alfinetou Rodrigues.
Kalil rebateu, acusando o candidato do PDT de fazer "dobradinha" com João Leite. "Venho da iniciativa privada. Entrei no Atlético devendo e saí devendo sem tirar nada do meu clube. Aqui nessa sala tem apropriação indébita, lavagem de dinheiro. Mas não falo, não agrido", ponderou.
CAIXÃO COMO DEGRAU
Pouco depois, Kalil acusou Sargento Rodrigues de ter usado a morte de um Policial Militar para entrar na política. "Eu dei alegria para o povo de BH (referindo-se ao Atlético). Você, em uma greve da PM, usou o caixão de um companheiro como degrau", acusou.
CHUMBO TROCADO
Kalil e Délio Malheiros (PSD), atual vice-prefeito, também trocaram farpas. "O PSDB é oposição à atual administração, mas há até pouco tempo era responsável pela saúde, pela segurança e pela engenharia de transporte da cidade. O PSDB não sabe fazer ou a sua administração não sabe fazer?", questionou Kalil.
Délio voltou a citar a dívida do ex-presidente do Atlético. "Ainda precisamos melhorar a saúde. Mas se o senhor pagasse o IPTU, por exemplo, seria possível fazer mais. Seria possível fazer 10 mil mamografias com a sua dívida, por exemplo", respondeu Délio.
CAPIVARAS
Kalil retrucou. "O cargo mais importante que você teve na vida foi cuidar de 50 capivaras. E 38 morreram. Quem não deu conta de cuidar de capivara não vai conseguir cuidar dos habitantes desta cidade", disse para Délio.
Rodrigo Pacheco (PMDB) também atacou Kalil. "Eu nunca votaria em candidato que não repassa INSS dos funcionários ao governo", afirmou, se referindo à acusação de que o ex-presidente do Atlético recolhe impostos dos funcionários da Erkal Engenharia, da qual é sócio, mas não os repassa à União.
PT x PSDB
Na fase seguinte, jornalistas fizeram perguntas aos candidatos. A João Leite, crítico ferrenho do PT, foi questionada a diferença entre o PSDB e Partido dos Trabalhadores. "Nárcio Rodrigues foi preso, Eduardo Azeredo é acusado de envolvimendo no Mensalão Tucano. Do que seu partido se difere do PT?".
TUCANO SEM AÉCIO
O jornalista questionou, ainda, se as citações de Aécio Neves (PSDB-MG) na Lava Jato foram motivo para que o senador mineiro aparecesse pouco na campanha do ex-goleiro de futebol.
O tucano respondeu dizendo que todas acusações devem ser investigadas. Afirmou, também, que possui 60 anos e que não precisava de pessoas para o conduzir. "Eu é que comando", afirmou.
PT SEM ESTRELA
A Reginaldo Lopes (PT) a pergunta foi semelhante. "Por que você não usa a estrela do PT na sua campanha?", questionou o jornalista.
Na resposta, o petista disse que não esconde o lado que defende. "Tenho medo é de quem não tem partido", enfatizou, após defender a ex-presidente Dilma Rousseff, que sofreu impeachment em agosto, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi denunciado como réu da Lava Jato.
DESVIO DE VERBA
O uso indevido de verba indenizatória por parte de Luís Tibé foi questionada. Em primeira instância, ele foi condenado a devolver R$ 145 mil aos cofres públicos. O deputado federal pelo PTdoB disse que em segunda instância valor foi reduzido para R$ 5 mil e que ele está recorrendo da ação.
"Todos os vereadores desta gestão respondem por este fato", explicou. Em seguida, ele defendeu o uso da verba indenizatória pelos políticos.
SEGURANÇA
Segurança pública foi outro assunto polêmico. Reginaldo Lopes afirmou que o armamento intenso da Guarda Municipal, como defende João Leite, não condiz com o posto de presidente da Comissão de Direitos Humanos que o ex-goleiro assumiu por anos como deputado estadual pelo PSDB. "Eu cresci vendo meu pai vestindo a farda e colocando a arma na cintura", justificou o tucano.
Em outra oportunidade, Sargento Rodrigues garantiu que irá tirar os flanelinhas das ruas de BH.
SAÚDE
Na saúde, convênios com a rede privada e valorização dos profissionais foram defendidas por Marcelo Álvaro (PR).
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