Investigado na Operação "Lava Jato", o senador Fernando Collor (PTB-AL) apresentou um voto em separado em que questiona a recondução do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao cargo.
O documento foi um contraponto ao parecer apresentado pelo relator Ricardo Ferraço (PMDB-ES), durante a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que indicava que Janot havia cumprido todos os requisitos e poderia ser sabatinado na próxima semana.
Para Collor, que durante a leitura do seu parecer usou expressões como "vetusto procurador" e "simpática PGR", Janot omitiu dados sobre o fato de a sua gestão estar sob a análise de órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU).
O pedido para que dois dos contratos da PGR fossem investigados, porém, partiu do próprio Collor. O ex-presidente também é autor de outros cinco pedidos contra Janot no Senado que poderiam, em última análise, levar ao afastamento dele da chefia do Ministério Público.
"Além de todas essas ações, passíveis de julgamento e condenação do senhor Rodrigo Janot, há uma infindável lista de condutas ilícitas, reprováveis e abusivas, praticadas pela PGR, novamente a simpática sigla por qual é chamada a Procuradoria-Geral da República", disse o senador.
Collor foi advertido pelo presidente da CCJ, senador José Maranhão (PMDB-PB), de que o voto sobre a recondução do procurador era secreto e que ele iria juntar o relatório apresentado por ele nos autos do processo.
Em tom de ironia, Collor afirmou que não tinha interesse em se manifestar contra ou a favor de Janot, apenas gostaria de trazer "novas informações" para que os senadores fizessem o seu juízo sobre a recondução do procurador-geral.
Ferraço, por sua vez, defendeu o seu parecer e disse que seguiu tomas as recomendações constitucionais e do regimento interno do Senado para elaborá-lo. Segundo ele, a sabatina será o momento para que os senadores exponham os seus questionamentos em relação a Janot.
Desde que foi incluído na lista dos investigados da Lava Jato por Janot, Collor tem travado uma batalha pública contra o procurador. O clima de tensão aumentou depois da chamada Operação Politeia, que, no mês passado, apreendeu carros de luxo que estavam na casa do senador.
No último dia 5, em um discurso na tribuna do senado, Collor chegou a xingar o procurador-geral da República. O comentário, feito em tom de sussurro, ocorreu no momento em que ele dizia ter comprado de forma regular os veículos.
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