Deputado federal e pré-candidato à presidência do PT mineiro, Odair Cunha tem transformado Furnas no principal cabo eleitoral. A estatal já foi pivô de escândalos políticos; agora rende dividendos ao ex- relator da CPI do Cachoeira.
Por votos
Com a ajuda do afilhado político Luiz Fernando Paroli, indicado pelo parlamentar para a diretoria de Gestão Corporativa de Furnas, a dupla aproveita do cargo e usa o poder financeiro e político da estatal para cabular votos no Sul de Minas.
Benesses
Em 2010, a pedido de Odair Cunha, Furnas doou R$ 37 mil e máquinas agrícolas a uma fábrica comunitária de polvilho em Muzambinho. No mesmo ano, a empresa destinou outros R$ 5 milhões ao programa Furnas Social. Dessa bolada, quase R$ 4 milhões foram para o curral eleitoral do deputado, para a execução de 129 projetos. O restante foi para o Rio Janeiro, sede da empresa, com recurso para só 28 projetos.
No lucro
A presença constante no Sul de Minas rendeu muitos dividendos ao parlamentar. Em sua primeira eleição para deputado federal, em 2002, Odair Cunha obteve 34 mil votos. Em 2010, conseguiu 164 mil e, ainda de carona, elegeu seu assessor parlamentar, Ulysses Gomes (PT), para a Assembleia.
Próximos
O deputado Odair Cunha e o diretor de Furnas, Luiz Fernando, foram sócios na Digitat Informática Ltda., em 2005. Logo depois, a empresa fechou. Em 2008, Paroli entrou em Furnas por indicação de Cunha. A diretoria de Gestão Corporativa tem um caixa-forte e só não opera recursos para obras, o que explica, em parte, a cobiça dos partidos em ocupar esse cargo na estatal.
Fechou
A Polícia Ambiental e a Vigilância Sanitária interditaram o matadouro Rogério, que funcionava clandestinamente no município de Vazante, Noroeste de Minas. O proprietário do frigorífico é amigo do ministro da Agricultura Antônio Andrade (PMDB), que também vendia bovinos ao matadouro.
Incentivo
Há 15 dias, o Hoje em Dia publicou que o ministro, que chefia agora a pasta responsável pela fiscalização da procedência e qualidade dos produtos bovinos, incentivava o funcionamento de matadouro irregular e sem higiene básica.
Problemas
Andrade vendia bois a um frigorífico clandestino de sua cidade. O ministro é um bem-sucedido fazendeiro em Vazante, onde tem seis propriedades rurais e um rebanho de mais de duas mil cabeças.
Bom negócio
Só em dezembro, Andrade vendeu mais de 20 bois para o frigorífico Rogério, de propriedade de seu amigo Rogério Martins da Fonseca.
Recorrente
O frigorífico foi autuado pela primeira vez em 2006. Os fiscais encontraram um ambiente propício à proliferação de insetos e roedores. Não há refrigeração.